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entrevista sou mais Vitória


entrevista sou mais Vitória

Como todo torcedor do Leão o nosso entrevistado do mês, também tem a sua seleção com os melhores jogadores do Vitória para cada posição. “A minha escalação é Detinho, Valvir, Tinho e Romenil; Pinguela, Ferreira e Teôtonio; Quarentinha, Juvenal, Cleber Carioca e Mario Sérgio”.
Se você tem menos de 60 anos com certeza estranhou a maioria dos eleitos de Edilson Araújo Cardoso Mello, afinal este simpático senhor conhece a gloriosa história do Esporte Clube Vitória no futebol baiano desde o seu início.
Nascido em 1925, Seu Edilson é soteropolitano quase por acaso. “Meu pai era funcionário Federal baseado em Cachoeira de São Felix onde minha família morava. Nasci durante uma visita de meus pais a Salvador.”, explica.
Foi um convite para assistir a uma partida do Vitória com o Bahia - clube recém-criado - que iniciou a sua paixão pelo rubro-negro. “Eu tinha 10 anos quando acompanhei meu pai em uma viagem para a capital porque ele queria conhecer os colégios que ofereciam internato, pois a intenção é que mais tarde eu viesse concluir meus estudos aqui. O meu tio Antônio, sabendo que meu pai gostava de futebol, nos convidou para assistir ao jogo no Campo da Graça (Estádio Arthur Rodrigues de Morais, onde aconteciam os jogos oficiais em Salvador, antes da construção da Fonte Nova).”, relembra.
Criado no interior, quase sem notícias do futebol da metrópole, Edilson era torcedor do Flamengo de São Felix, time em que seu pai, Valdomar – conhecido como Vadu – foi Diretor. Quando seu tio quis saber para qual time ele iria torcer na “Bahia” (como, na época, o pessoal do interior se referia à capital baiana) a resposta não poderia ser mais simbólica. “Eu disse a ele que torceria para o time que vencesse a partida. Adivinha quem ganhou? (risos)”
Apesar de ter acompanhado seu primeiro BA-VI em 1935, ele se lembra da escalação rubro-negra - “O Vitória jogou com Devek, Carapicú e Renato; Aldemar, Seabra e Vanderley; Baianinho, Novinha, Mozart, Raul e Gazinho” - e do resultado da partida. “Foi 6 x 3 para o Leão, com dois gols de Novinha, dois de Mozart e um de Baianinho”, afirma o aposentado, demonstrando impressionante memória.
 
A fase amadora do Leão
Esta capacidade de relembrar fatos passados faz de nosso entrevistado uma fonte rica em histórias do time do Vitória, muitas delas marcadas por dificuldades e carências. “Em 1937 o nosso time não disputou o campeonato Baiano devido a divergências com a Liga de Futebol (na época Liga Bahiana de Desportos Terrestres, hoje Federação Bahiana de Futebol) e pela falta de interesse do Vitória pelo esporte. Assim os jogadores Devek, Hamilton, Carapicú, Mozart e Raul se transferiram para o Galícia que acabou campeão baiano quase invicto já que perdeu apenas uma partida para o Ypiranga. Se tivéssemos mantido aquele elenco e disputado o torneio, seríamos campeões.”, lamenta Edilson.
As décadas de 1930 e 1940 foram marcadas pelo amadorismo do departamento de futebol do Leão. “Em 1938 o Vitória montou um time quase todo formado por atletas que moravam no Rio Vermelho como os irmãos Siri, Bengalinha e Bode. Também tinha Cacetão e o goleiro Henrique Cardoso. Era um elenco muito bom – Siri, por exemplo, é o maior artilheiro do clube até hoje com 190 gols - mas não conquistou nada.”, relembra Edilson.
Com times fracos e sem resultados expressivos era natural que a nação rubro-negra também refletisse esta realidade. “A maior torcida da época era do Ypiranga seguida pela do Botafogo e depois do Galícia. O bom era que, como éramos poucos, todos se conheciam e era uma festa quando nos encontrávamos nos dias de jogos.”.
Apesar de contar com poucas pessoas, a torcida era muito atuante. Edilson ainda se lembra as diversas campanhas que participou para ajudar na contratação dos jogadores ou para pagar o bicho dos times. “Eu mesmo assinei o Livro de Ouro diversas vezes”, referindo-se a uma das muitas campanhas criadas para manter o departamento de futebol.
Nem sempre estas iniciativas atingiam os objetivos esperados. O aposentado cita a compra do lateral direito Teixeira, jogador que defendia o Ypiranga na década de 1940, como exemplo. “Fizemos um esforço tremendo para trazê-lo, mas o seu desempenho no Leão foi muito ruim. Um verdadeiro fracasso.”, afirma.
Até nos dias atuais este veterano rubro-negro ainda colabora com o clube. “Sou sócio proprietário desde 1977, também comprei um título de sócio remido em 1987. Como se não bastasse adquiri uma cadeira cativa no Barradão, na primeira campanha para ajudar na construção do nosso estádio. Mesmo assim, toda vez que vou assistir a um jogo lá, faço questão de comprar meu ingresso.”, orgulha-se.
 
Futebol levado a sério

Na opinião dele, foi a partir da década de 1950 com a estruturação do departamento de futebol que o clube passou a apresentar resultados. “O Vitória passou a ser ‘O Vitória’ com o título de Campeão Baiano de 1953. Foi quando o rubro-negro começou a levar o futebol a sério”.
Apesar de reconhecer outros grandes nomes como Joel Francisco, Evaristo de Macedo e Aimoré Santana, na opinião de Edilson, o melhor treinador do Vitória de todos os tempos foi Carlos Volante, por ter conquistado o primeiro título de Campeão Baiano. Ele cita Benedito da Luz (“meu amigo de longa data e conterrâneo”), Pirinho, Alfredo Miguel, Luiz Catarino, Alexi Portela (pai do atual presidente Alexi Portela Junior), como exemplos de dirigentes que passaram pelo clube.
Outra figura marcante para este torcedor é Manuel Barradas. “Muitas vezes assistia os jogos ao lado dele. Tem uma história muita engraçada. Em início de 1944 o Vitória jogou contra o timaço do Galícia, recém consagrado tricampeão baiano. Temendo pelo pior, antes de começar o jogo, Barradas, que já era diretor do clube, chamou o jogador Siri e ofereceu cinco contos (moeda na época) por cada gol que ele fizesse nessa partida. O Vitória ganhou por 9 a 1, com sete gols de Siri. Perto do fim do jogo, o dirigente gritava desesperado à beira do gramado: Chega Siri! Chega Siri! (risos)”, diverte-se.
Esta sonora goleada contra o melhor time da época demonstra outra característica marcante do clube, segundo Edilson. “O Vitória é um time imprevisível. Quando você espera que ele perca, ele ganha. E às vezes quando o triunfo é quase certo, ele perde.”.
Mesmo reconhecendo que a atual nação rubro-negra é atuante ele tem suas ressalvas. “A torcida às vezes vibra mais com gol contra o Bahia do que com a atuação do Vitória. Temos que nos preocupar com o nosso Leão e esquecer os adversários.”, aconselha o veterano torcedor.
 
Um torcedor atleta
Edilson não se limitou a acompanhar o seu time do coração. Apesar do peso da idade é possível perceber um corpo de alguém com uma vida intensa rotina de práticas esportivas. Esta primeira impressão é reforçada por fotografias antigas onde ele aparece em diversos times amadores. “Recebi propostas do Ypiranga, do Galícia e até mesmo do Bahia. Recusei todas pelo mesmo motivo: só jogaria defendendo as cores de meu time. Infelizmente nunca fui convidado pelo Vitória”, ressente-se o ex-atleta.
Ele acabou representando as cores rubro-negras em outro esporte onde o clube sempre é destaque: o remo. “Foi em 1949, meu amigo Haroldo Ramos – que viria a ser diretor da Petrobrás – um irmão e um primo dele moravam em Nazaré e eu morava na Mouraria. Decidimos remar para mantermos a forma. Pegávamos o bonde às quatro da manhã para treinar em Itapagipe. Chegamos a disputar duas regatas oficiais representando a equipe de remo do Vitória em 1950 e fomos campeões em nossas baterias. Infelizmente o Haroldo se formou no ano seguinte e paramos de treinar.”, relembra.
Outra atividade de destaque do veterano torcedor foi o karatê. “Fiz parte da primeira equipe baiana da modalidade em 1963 juntamente com Ivo Rangel, Vilobaldo de Freitas, os irmãos Denilson e Dorival Caribé – ícones deste esporte na Bahia - Alberto Fumacinha, Alberto Costa e Milton Macarrão. Chegamos a participar de uma exibição para a TV Aratu na época.”, afirma Edilson, exibindo as fotos da época.
Todo este passado de atleta se reflete hoje neste senhor que demonstra uma vitalidade e lucidez impressionantes para os seus 85 anos. Edilson é bancário, aposentado do Banco de Crédito de Minas Gerais e vive em um confortável apartamento no Caminho das Árvores com Dona Lúcia, sua companheira há 50 anos. Tem uma filha, Leila - associada ao SouMaisVitória – e uma neta, Vanessa. 
 
Quer participar da seçao Associado em Destaque? Conte para a gente a sua história de amor ao Vitória. Mande seu depoimento para [email protected].
 
Equipe SMV -Texto produzido por Marcelo Dultra.

Autor postado em 15/12/2012


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