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Empresa faz proposta para assumir Hospital Espanhol


Empresa faz proposta para assumir Hospital Espanhol

Na quinta-feira, 10, uma reunião entre conselheiros da Real Sociedade Espanhola de Beneficência e representantes do governo do estado foi tão proveitosa, que levou o presidente da entidade espanhola, responsável pela administração do Hospital Espanhol, Demétrio Garcia, a adiantar para a Tribuna que o “o caminho está correto” para o fechamento de um acordo que permita a tradicional unidade de saúde, e uma das principais referências hospitalares do país, retornar às atividades ainda este ano. 

O presidente Demétrio Garcia se limitou apenas a dizer que tem “fé”, que isto aconteça “para o bem da nossa Bahia e da nossa saúde. Todos os compromissos serão honrados”, garantiu. Entretanto, quem oficialmente fala sobre o assunto é o advogado Washington Pimentel, para quem a proposta apresentada aos conselheiros espanhóis e ao governo “é viável porque atende débitos trabalhistas, compreende o atendimento dos associados, fornecedores de materiais hospitalares e medicamentos, bem como as instituições bancárias, no caso o Desenbahia e a Caixa Econômica Federal”.

Washington Pimentel afirma que “houve, sim, avanço na reunião com essa nova proposta. Não se conseguiu evoluir com as negociações porque o estado – representado por integrantes da Secretaria de Administração- não se manifestou. O bom é que os termos da proposta atendem os cerca de dois mil associados, que sãos os que mais sofrem com o hospital fechado”, comentou.
Como o contrato discutido no encontro é sigiloso, o advogado da Real Sociedade, não pode revelar o nome da empresa que apresentou a proposta de reabertura da unidade. “Só podemos dizer que se trata de um investidor da área médica, reconhecido a nível nacional. Agora vamos aguardar a posição do estado. Ele deliberando de forma positiva é possível evoluir nas tratativas com o investidor no sentido do hospital retornar às atividades o quanto antes”.

Consultada pela Tribuna sobre o futuro do Hospital Espanhol, a Secretaria de Saúde estadual se manifestou através da seguinte nota: “Os representantes do Governo do Estado no Conselho da Real Sociedade Espanhola de Beneficência veem com bons olhos propostas concretas que visem à plena e total reabertura do hospital e que garanta, ao mesmo tempo, o ressarcimento dos créditos trabalhistas, tributários e financeiros da entidade. Até o momento, entretanto, o documento apresentado na reunião do conselho da Real Sociedade, realizada no último dia 10, não contém uma proposta estruturada, mas uma “manifestação inicial de interesse” em avaliar o negócio dentro do prazo de 90 dias. Essa manifestação já começou a ser avaliada pelo governo e será objeto de reunião da equipe que vem acompanhando a situação do hospital no início da próxima semana”.

Unidade está há um ano de portas fechadas

A um ano de portas fechadas, fato ocorrido em 9 de setembro de 2014 devido à um profundo mergulho em dívidas – algo em torno dos R$ 200 milhões -, o Hospital Espanhol volta a ganhar ânimo, apesar de literalmente estar na UTI. O presidente do Sindicato dos Médicos ( Sindmed-BA), Francisco Magalhães, contudo diz que “ a sociedade baiana deveria ter assumido uma postura mais agressiva sobre o hospital, que parado representa um prejuízo de R$ 80 mil por mês. Quando for reabrir máquinas e monitores podem não ter mais serventia devido ao desuso durante longo período.

O hospital é um patrimônio da sociedade e já que a maior dívida é com o estado, este não se nega, a prefeitura não se mexe e o governo federal nunca se manifestou,  o que nós queríamos é que ele fosse integrado ao patrimônio público, à rede pública de saúde”, declarou. 

Segundo Francisco Magalhães, até o dia 25 deste mês a empresa interessada pelo hospital ficou de viabilizar a compra. “Se não for efetivada, o hospital pode ir a leilão”, acredita. Enquanto isto, centenas de médicos que por lá trabalharam entraram com  ações na Justiça, alegando vínculos diversos com a instituição. “Há muita informação conflitante devido aos diversos procedimentos e a falta de recebimentos”, disse à Tribuna. Integrantes do Fórum Independente de Sócios, Amigos e Colaboradores do Hospital Espanhol (Fisache) farão hoje, às 9 horas, uma manifestação em frente à unidade pedindo esclarecimentos sobre o destino da unidade filantrópica.

Fundado em 1885 por 124 membros da comunidade espanhola na Bahia, o hospital tornou-se um dos principais centros de saúde da Bahia. Com o fim das atividades, o estado acabou perdendo também 270 leitos, sendo 60 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto e 12 de UTIs pediátricas. 

Quatro grupos empresariais brasileiros – e até mesmo estrangeiros – teriam manifestado interesse em gerir o hospital, contudo, nenhum deles conseguiu fechar propostas com a Real Sociedade Espanhola de Beneficência. (RSEB), entidade a qual pertence o HE. 

Apuração dos empréstimos

Em julho deste ano, sócios do Hospital Espanhol entraram com representação no Ministério Público requerendo apuração sobre a destinação de empréstimos contraídos pela instituição junto à Agência de Fomento do Estado (Desenbahia), na ordem de R$ 60 milhões e através da Caixa Econômica, em montante superior a R$ 30 milhões, cujo último repasse, nesse caso, não chegou a ser liberado. Os recursos, destinados à recuperação da centenária unidade hospitalar, já superariam os R$ 100 milhões, segundo explicou o advogado Renato Leiro, que também é membro do Fisache.

Procurado pela  Tribuna  no mês de junho, o secretário de Saúde (Sesab), Fábio Vilas-Boas, que ontem retornava de uma viagem ao exterior, chegou a manifestar-se sobre o Espanhol, explicando que estava acompanhando as negociações conduzidas pela Real Sociedade através da empresa de consultoria Pricewaterhouse Coopers (PwC), e afirmou que na ausência de uma solução por parte dos gestores, a Sesab e a Procuradoria Geral do Estado (PGE) estavam trabalhando na estruturação de um plano para encaminhamento de uma solução definitiva para o hospital, sem passar por estatização.

No próximo dia 27, uma audiência está marcada para acontecer no Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT-5), quando a Real Sociedade deverá prestar contas da venda do hospital. A audiência integra a decisão tomada pelo TRT-5 em abril deste ano, quando foi determinada a venda dos prédios do Espanhol em um prazo máximo de seis meses. Segundo o Tribunal, o montante adquirido na venda seria para quitar as dívidas trabalhistas calculadas em cerca de R$ 20 milhões.   

Autor postado em 13/09/2015


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