Copa do Mundo

As vitórias da Arábia sobre a Argentina e do Japão em cima da Alemanha, ambas de virada, nesta Copa, não chegam nem perto representado pelo exagero do triunfo da amadora seleção dos Estados Unidos, ao bater os inventores do foot-ball, todos metidos a besta, na Copa de 1950, no Brasil.
Afinal, nem de futebol os estadunidenses chamam o jogo, para eles é soccer, e a Inglaterra já entrou no gramado do Estádio Independência, em Belo Horizonte, dando como certa uma goleada sobre aquele bando de bobocas, seria mais um treino coletivo, pensaram até em jogar com os reservas, mas terminou entrando o time titular, com Stanley Matthews e tudo.
Já do lado estadunidense, poucos ‘jogadores’ conseguiram pegar no sono na noite anterior, receosos de uma humilhação, pois eram tidos como inúteis, mas foi aí, no brio ferido, a origem da força de vontade para superarem-se.
Como bom humor sempre ajuda a descontrair, ao chegarem ao estádio, houve quem perguntasse aos jornalistas se trouxeram papel suficiente para anotar o número de gols da Inglaterra. No entanto, o futebol é o mais querido dos esportes porque aproxima-se mais da natureza humana, do imponderável, da surpresa, do animal chamado por Gentil Cardoso de ‘zebra’ ao ser perguntado se seu pequeno Bonsucesso venceria o Vasco.
A zebra não existe no Jogo do Bicho, daí a resposta de Cardoso, muitos anos depois de os EUA vencerem a Inglaterra neste jogo até hoje difícil de acreditar. Foram bolas na trave, rente ao gol, defesas espetaculares do goleiro Borghi e o placar se mantinha 0 a 0. Possivelmente querubins e serafins simpatizaram com os EUA e ajudaram a defesa.
Quando faltavam oito minutos para o final do primeiro tempo, o atacante Gaetjens, um cozinheiro recrutado às pressas para compor a delegação, se jogou na bola, na doida, até hoje não se sabe se com a cabeça ou se a chutou, o certo é ter entrado a criança na rede da rainha. Final: EUA 1 a 0.
Tirou onda e se atrasou
A Inglaterra demorou a querer entrar em Copa do Mundo porque se achava. Como foi o país onde nasceu o futebol moderno, considerava a competição menos importante. Quando acordou, já era tarde, e só conseguiu título garfando a Alemanha em 1966. Agora, tenta tirar o atraso pra deixar de ser esnobe.
Pelé tentou, Zico conseguiu
Pelé tentou fazer dos EUA um país capaz de gostar do jogo, mas não deu, o Cosmos não conquistou a galera. Gol demora demais! Basquete tem cesta toda hora. Zico, ao contrário, despertou o futebol do Japão, com competência, empatia e até hoje é ídolo por lá. Não é só Maradona, Zico também é melhor.
Frangaço e tudo igual
Estaria mesmo condenada a Inglaterra a não conseguir derrotar os EUA, país por ela colonizado, embora depois tenham se entendido muito bem nas estratégias de sucção de riquezas de outras nações e controle político do mundo. Na África do Sul, em 2010, empate por 1 a 1, mesmo criando chances até de aplicar uma goleada para se vingar do vexame de 1950. Não deu. O goleirão Robert Green, de verde ficou vermelho de vergonha, ao papar o maior frangaço no final do primeiro tempo. Rooney, tentou, mas nada de balançar a rede. Para desespero de Beckham, no banco de reserva. A Inglaterra recorreu ao velho jogo aéreo, mas não teve cabeçada certa e a rainha morreu sem ver sua seleção devolver a derrota de 1950.
Irã sofre com dupla do mal
Quem desconhece história, não faz ideia de como o Irã virou uma teocracia fundamentalista, mas a antiga Pérsia sofreu a Revolução dos aiatolás, como efeito de processo violento iniciado pela parceria EUA-Inglaterra. Curiosamente os três países caíram na mesma chave. O Irã era uma democracia consistente e tão popular em 1953 a ponto do primeiro-ministro Mohammed Mossadegh conseguir apoio para estatizar a petrolífera inglesa instalada no país, interrompendo a roubalheira da riqueza iraniana. Desde 1909, a Inglaterra ficava com 90% do óleo. Logo depois, porém, a parceria inglesa imperialista com os EUA funcionou, ensejando o primeiro de dezenas de golpes de Estado. E o Irã nunca mais foi o mesmo.
Autor postado em 25/11/2022
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