Árabes trocam ruim pelo pior

Há um enorme entusiasmo, principalmente entre os jovens da Europa Ocidental, pelos levantes populares que derrubaram o ditador da Tunísia, Ben Ali, neste mês, e pretendem derrubar o ditador do Egito, Hosni Mubarak. Fala-se em “democracia no Mundo Islâmico” e pensa-se que a Internet é que promoverá este avanço...
Olhando a história recente, contudo, é bom colocar as barbas do profeta de molho.
Boa parte dos revoltosos da Tunísia e do Egito são ligados à Irmandade Muçulmana e sua pretensão não é substituir ditaduras familiares por democracias burguesas tais como conhecemos no Ocidente. Em artigo publicado na web, o americano John Loftus rememora a história dos fundamentalistas islâmicos que fazem oposição às tiranias locais.
Em “A Irmandade Muçulmana, Nazistas e Al-Qaeda”, o especialista americano em Islamismo rememora que os serviços secretos francês, inglês e americano, logo depois da Segunda Guerra Mundial, protegeram os membros da Irmandade, muito embora estes fossem todos árabes nazistas, tendo lutado, inclusive, em favor de Hitler no Crescente Fértil (área que abrange Egito, Israel, Líbano, Síria, Jordânia e partes do Iraque e Turquia).
As potências aliadas viam na Irmandade um contraponto para que os comunistas não tomassem os países do Oriente Médio com a ajuda de Moscou. Assim nasceu o apoio dos EUA a estes árabes fascistas que foram levados pelos americanos para a Arábia Saudita onde fundaram “madrasas”, as escolas religiosas islâmicas que pregam a destruição do Ocidente e onde estudou ninguém mais ninguém menos que Osama Bin Laden.
Por trás de todas as ditaduras do Oriente Médio sempre estiveram os poderes ocidentais, temerosos do comunismo. Assim foi que o Taliban, irmão gêmeo da Irmandade Muçulmana no Afeganistão, conseguiu armas dos EUA para implantar seu regime sanguinário derrotando a ocupação russa dos anos 1970/1980.
O mais notório inimigo da Irmandade Muçulmana foi o ex-presidente Gamal Abdel Nasser. Sabedor das tendências nazistas deste grupo fundamentalista, expulsou todos do Egito e eles tiveram ajuda americana para escapar do extermínio e se refugiarem em lugares como Afeganistão e Arábia Saudita.
A Irmandade Muçulmana tem representantes em todas as ditaduras islamitas: Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Sudão, Jordânia, Arábia Saudita, Síria, Yemen, Oman, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Bahrain, Kuwait, Iraque, Afeganistão, Paquistão, Irã e também nas democracias meia-boca como Turquia, Palestina e Líbano. Seu propósito não é a instalação de democracias pluralistas e, sim, tornar o Corão a única Constituição de todos estes países, tendo a “Sharia” como única lei, lei esta que manda apedrejar mulheres, enforcar homossexuais, fuzilar quem disser uma única palavra contra o profeta Maomé e por aí afora.
Pode ser que um arremedo de democracia “à la” Turquia seja implantada na Tunísia, talvez no Egito, mas o mais provável é que as ditaduras sejam substituídas por regimes ferozes como o iraniano, pois o problema dos países islâmicos não é seus ditadores e, sim, a superestrutura ideológica das classes dominantes, que é o Islamismo.
Enquanto estes povos não tiverem liberdade religiosa, jamais terão liberdade política e ficarão pelas ruas de Túnis e do Cairo iguais à velhinha da piada. Perguntada por que aplaudia o tirano que passava em seu cavalo, ela respondeu: “Eu aplaudo o ditador atual, meu filho, porque conheci e aplaudia o pai dele, porque sei que o sucessor é sempre pior. Muito pior.”
Autor postado em 31/01/2011
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