Apague, apague, apague!!!

Final de noite da quarta-feira, 30min do 2º tempo, Atlético 1 x 0 Bahia. O Estádio de Pituaçu era um caldeirão, com mais de 15 mil revoltados, irados, inconformados, fanáticos torcedores tricolores nervosamente gesticulando, xingando, gritando em coro, “ladrão, ladrão, ladrão”, o alvo era o árbitro, ora “burro, burro, burro”, agora era o técnico Chiquinho, alternados
por longas e fortes vaias aos jogadores do Bahia substituídos, ou errando passes, sem a visão de jogo exigida pela sua revoltada torcida.
Quase meia-noite, final do dia, 35min de jogo. Está na hora de “buscar” o título, “ensaiar” o texto, porque a tecnologia de hoje, a internet, exige rapidez e competência. A matéria tem que chegar ao jornal paralela ao final da partida, para ser editada e não atrasar o fechamento da edição, que fatalmente entraria pela madrugada de quinta-feira, porque a TV, a grade de programação, impõe o horário das 21h50min. Afinal, o que são 15 mil que chegarão em casa em plena madrugada, contra 15 milhões que já estão em casa?
Bahia perde, Bahia decepciona, Bahia frustra a torcida. Era pouco, não iria traduzir a angústia do torcedor que foi ao estádio de Pituaçu com o orgulho de ver seu time enfrentar o Atlético Paranaense, pela Copa do Brasil, mas com status de jogo da 1ª Divisão, da Série A do Campeonato Brasileiro.
Mas aquela festa, a batida do tambor da Organizada Bamor, o canto de louvor e glória às façanhas do tricolor, se transformaram em gritos de raiva, alguns literalmente carregados de ódio, revolta.
O que dizer? O sentimento em Pituaçu era de que vai começar tudo de novo, o peso, a angústia de sete anos de 2ª Divisão estava na face de cada tricolor, consciente de que aquele Bahia, que aos 38min do 2º tempo perdia de 1 a 0 para o Atlético Paranaense, não terá futebol para honrar as tradições do “Bahêa” na 1ª Divisão
Na tribuna de imprensa de Pituaçu, à frente das cadeiras numeradas, atrás do bar e sanitários, ficamos literalmente no “olho do furacão”, num contato corpo a corpo com a torcida, que “monitora” nossas ações durante a partida. Abri o lap-top e escrevi: “Bahia perde com trailer de pânico”. Mas foi só o tempo de digitar, levantar os olhos e ver o golaço de Camacho, empatando o jogo aos 39min do 2º tempo.
Bahia 1 x 1 Atlético. Explosão de alegria em Pituaçu, delírio da massa tricolor. Mas atrás da tribuna de imprensa, um anônimo torcedor, emocionalmente descontrolado, ao invés de gritar gol, comemorar, se agarrou à tela de proteção do reservado, e durante um longo tempo urrava “apague, apague, apague”, sem que ninguém entendesse nada. Ele estava de olho no jogo e na tela do meu lap-top. Quando digitei o título, o Bahia perdia e ele não disse nada.
Com o empate, transferiu sua revolta para a imprensa, como se a troca do título apagasse tudo o que estava acontecendo em Pituaçu. Não apaguei, só troquei. Ao invés de Bahia perde, digitei: “Empate é roteiro para tQSrailer de pânico”, foi o que saiu na edição de ontem, quinta-feira, da Tribuna da Bahia.
Um título para o anônimo torcedor, e um alerta para a nação tricolor, a começar pelo meu Diretor de Redação, jornalista Paulo Roberto Sampaio, que tem o seu “Bahêa” como filho pródigo, seu grande orgulho, e cobra tenazmente uma cobertura jornalística transparente, dura e real de como o Bahia se prepara para voltar e ficar na 1ª Divisão, a Série A do Campeonato Brasileiro de 2011.
Madrugada de quinta-feira, Pituaçu às escuras, praticamente vazio. No estacionamento de autoridades e imprensa, Marcelo Guimarães, o pai, o filho presidente, irmãos, Ruy Acioly e alguns amigos, discutiam o Bahia, Não tinha “clima” para encostar, dizer oi. Senti que era um momento deles, também bravos com o que está acontecendo com o tricolor, e as críticas da imprensa.
Não posso ficar omisso meu caro torcedor anônimo. Não a menos de 40 dias do jogo América Mineiro x Bahia, às 18h30min do dia 22 de maio, no estádio Arena do Jacaré, na cidade de Sete Lagoas, interior mineiro, válido pela 1ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.
Autor postado em 15/04/2011
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