Jobson 2012: um passo de cada vez, sonhos secretos e lição para jovens

A frase de Jobson, em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, em General Severiano, sintetiza com precisão o momento aparentemente mais maduro e intimista do jogador, em sua terceira passagem pelo Botafogo:
- Tenho meus sonhos, é claro, mas prefiro não revelá-los agora.
Atitudes indisciplinadas para trás, o atacante não quer dar um passo maior que a perna e, às vésperas de fazer 24 anos, segue todos os procedimentos pedidos pela diretoria e comissão técnica do clube, além do tratamento psiquiátrico com o médico Roberto Hallal.
Nos treinamentos, Jobson tem se mostrado à vontade com os companheiros e se destaca pela disposição e qualidade. Da torcida, ouve cobranças, nada agressivo, muito mais para dar apoio do que criticá-lo. Crianças o cercam e se preocupam em saber se está bem. Na sede, ums simples atividade na piscina vira uma corrida de obstáculos para o jogador. Mesmo suspenso por doping, é uma das grandes apostas para 2012. A princípio, nada que mude sua maneira de agir.
- Cara, meu primeiro sonho é voltar, em março. Representa muito por ser o fim de uma situação complicada. Quero colocar o pé em campo, esquecer tudo e jogar bem. Mas vamos com calma - disse Jobson, em versão 2012 relax.
Tratado com carinho pelo time, mas sem que passem a mão na sua cabeça, é considerado um talento em potencial para vestir a camisa da Seleção Brasileira. Concentrado com o grupo na pré-temporada, em General, mas liberado para dormir fora assim como os outros jogadores, deixou de lado o apartamento pronto para ficar mais tempo no Botafogo, depois de passar a primeira noite na casa de um amigo.
- Penso, sim (em Seleção), mas é um longo caminho. Tenho que me firmar no Botafogo antes, resolver minha vida e provar que posso ser útil. Sempre tive dentro de mim que tenho que trabalhar muito, e agora mais ainda do que os outros. Tenho que ser tratado como homem, não como garoto mais - comentou o atacante.

Quando dorme no clube, a companhia de Jobson é, na maioria, dos jovens que subiram neste ano das categorias de base - além de, eventualmente, Elkeson e até Loco Abreu. Acostumado com quedas bruscas na vida, tem sido um conselheiro de momento para as promessas alvinegras. Com os erros, ele parece estar começando a aprender e espera que os novos companheiros, bem mais novos, não caiam nas mesmas armadilhas.
- Tenho falado para eles que o meio do futebol não é um bicho de sete cabeças. Quem tem qualidade, sabe do potencial, precisa só trabalhar muito que as coisas vão acontecer. E não errar como eu. Acho que eles me têm como um espelho. Do Loco Abreu a um jogador deconhecido, o tratamento tem de ser o mesmo, não pode se intimidar e ter medo de mostrar o que sabe fazer. Comigo foi assim.
A relação com o técnico Oswaldo de Oliveira ainda está no começo. Jobson espera que ela cresça com o tempo e segue à espera de oportunidades no time. Voltar a jogar é importante para poder continuar com o sonho de ajudar a sua mãe, Maria de Lourdes, que o criou sozinha e acompanha à distância mais uma chance do jovem jogador.
- Minha mãe é quem me dá muita força nesses momentos. Fica feliz quando me vê na televisão treinando, porque sabe que estou bem, aparecendo sem confusão. Devo muito a ela e sei que no futuro tenho que ajudá-la ainda mais - comentou.
A chance recebida do Botafogo fez Jobson se sentir em dívida com o clube. Depois de passagem de altos e baixos pelo Bahia e pífia pelo Atlético-MG, quando teve problemas disciplinares, ele confessou que sentia falta do ambiente de General Severiano.
- O Botafogo significa muito para mim. Não escondo de ninguém que era palmeirense, mas meu coração passou a ser alvinegro. Aconteceu tanta coisa de bom aqui... Abri mão do Atlético-MG porque queria voltar mesmo, estava com saudade do ambiente. Quero retribuir tudo o que me ofereceram - avisou.
Autor: ,postado em 13/01/2012
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