A reportagem do GloboEsporte.com entrou em contato com o Bahia para obter uma posição a respeito da situação na última segunda e nesta quarta-feira. Nesta tarde, inclusive, a assessoria de imprensa negou uma fonte direta para tratar do assunto e orientou a equipe a escutar o programa oficial de rádio do clube. Assim foi feito. Em pronunciamento no programa, o presidente Marcelo Sant'Ana explicou o motivo da demora na escolha de um comandante e a opção pelo silêncio.
- Quando Guto saiu, a gente optou por trazer logo o Jorginho, um processo muito rápido, na mesma semana, porque a gente entendia que Jorginho poderia dar sequência ao trabalho que vinha sendo desenvolvido nos 11 meses anteriores pelo Guto. Infelizmente, não foi o que a gente esperava, teve dificuldades no campeonato e mudanças de metodologia que terminaram não encaixando. No desligamento de Jorginho, falei há cerca de 15 dias, que a gente teria um pouco mais de calma na escolha desse novo profissional, que seria uma decisão em que a gente não poderia errar, e que a gente confiava na comissão técnica permanente do Bahia. Preto é um deles auxiliares dessa comissão técnica. Ele assumiu como interino, tem tido o suporte dos auxiliares - disse Sant'Ana.Então a gente queria, por confiar nessa comissão técnica da casa, dar um pouco de tempo para essa comissão... Cerca de quatro a cinco rodadas, para que a gente pudesse tomar a decisão de uma forma mais segura sobre o que é o melhor para o Esporte Clube Bahia" - disse.
O presidente afirmou que, no período em que está à frente do clube, aprendeu que é necessário integrar metodologia e profissionais para ter um bom resultado. Ele destacou a confiança na comissão técnica permanente e pediu calma.
- Nesse período de dois anos e meio que o grupo está à frente do Bahia, tivemos quatro profissionais que trabalharam por um tempo a mais no Bahia, incluindo Jorginho. Sérgio Soares, Doriva, Guto e Jorginho. O que a gente pôde extrair? Que, quando não existe integração com a metodologia, a mecânica, os profissionais, os resultados não foram o que se esperava. Desgastes aconteceram, a condução de processo ficou um pouco diferente. Por confiar nessa comissão, a gente preferiu e tem preferido fazer a escolha do nosso técnico com calma - afirmou.
Sant'Ana ainda explicou o motivo de estabelecer um prazo de quatro a cinco jogos. Ele lembrou que Preto não teve as semanas inteiras para treinar e disse que, no início, o interino fez apenas um trabalho corretivo.
- O prazo, internamente, era de quatro a cinco jogos, para observar o trabalho do Preto com essa comissão. A partida do Vasco vai ser a quarta partida dele. E um prazo que não foi escolhido à toa. O Preto viajou na segunda, para o jogo contra a Chapecoense. Na volta, a gente já teve jogo contra o São Paulo. Então era uma semana que não dava para trabalhar muito, além de ter que recuperar metodologias de trabalho que já tinha algumas situações... Porque o Preto chegou antes de Guto. Foi um trabalho mais corretivo de algumas situações neste período. Na semana passada, foi a primeira que pudemos ver mesmo o trabalho do Preto com a comissão. Essa semana é a segunda. A gente precisava ver um pouco do trabalho dessa comissão. Por isso não contratamos ainda. Os jogadores já nos procuraram para defender o trabalho do Preto. A posição foi muito clara: para o jogador defender o técnico, seja quem for, o que a gente quer ver é resposta dentro de campo. Ter manifestações é importante, passa confiança para o profissional, para as outras pessoas que integram a comissão técnica, mas a primeira resposta do futebol é dentro de campo, com a atitude, personalidade, determinação e resultado - explicou.
Muito dessa indefinição se deve à escassez de opções disponíveis. Técnicos como Roger Machado e Cristóvão Borges não querem trabalhar no momento. Eduardo Baptista, demitido de Palmeiras e Atlético-PR em 2017, não demonstra interesse em trabalhar por um curto período de tempo – até o fim da temporada, no caso. Mas é difícil saber qual o interesse do clube nos treinadores disponíveis. É fato, porém, que essa já era a realidade do mercado quando a diretoria optou por demitir Jorginho. E o presidente do Bahia não nega: está difícil contratar.O mercado de técnicos não é dos mais atraentes para o Esporte Clube Bahia. Mas a gente confia nos profissionais que vêm trabalhando aqui há algum tempo - disse Sant'Ana.O silêncio do Bahia, mantido até aqui, revela, nas entrelinhas, uma desconfiança sobre o trabalho de Preto como técnico. Ex-jogador com passagem marcante pelo clube no início dos anos 2000, ele não tinha qualquer experiência prévia. Embora tenha buscado se qualificar nesse tempo que passou como auxiliar técnico, fazendo cursos, pouco mais de um ano é pouco tempo para assumir a equipe em um momento delicado na Série A, de luta para se manter fora da zona de rebaixamento.