O Ippon, a luta da vida, chegou à sua reta final e, apesar de já ter três atletas classificados para a decisão, todos ainda disputam o título da prova do samurai. Dessa vez, a compaixão foi avaliada por Aurélio Miguel, medalhista de ouro em Seul 1988 e bronze em Atlanta 1996, mas o vencedor só será conhecido na grande final.
Ao contrário do que poderiam imaginar, não era o desempenho do judoca vendado o que seria avaliado, mas sim a compaixão do atleta responsável por ajudar o outro a executar as tarefas mais simples, como conseguir comer, andar e sentar. Os competidores dos times vermelho e azul participaram de uma regata pela Baía de Guanabara e tiveram que ajudar os companheiros que não enxergavam em ações como subir no barco e até comandar a vela da embarcação.
Depois, os atletas tiveram um bate-papo com o velejador brasileiro Lars Grael, medalhista olímpico de bronze em Seul 1988 e Atlanta 1996. O velejador dividiu um pouco de sua experiência como atleta olímpico e também falou sobre a mudança que passou após o trágico acidente que sofreu em 1998, quando estava no auge de sua carreira. Lars perdeu a perna direita após uma lancha pilotada por um homem embriagado invadir a área de uma regata e bater em seu barco. Naquela época, ele se preparava para buscar o ouro nos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000.
Lars Grael divide um pouco de sua experiência com os judocas (Foto: Marcelo de Jesus)
Logo após o acidente, Lars Grael fundou o projeto Grael/Instituto Rumo Náutico com o irmão Torben, em agosto de 1998. O objetivo do projeto era oferecer a jovens de baixa renda aulas de iatismo nas águas de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Poucos anos depois, o projeto passou a oferecer também cursos profissionalizantes, educação ambiental e outras práticas esportivas. O projeto foi criado no mesmo ano, pouquíssimo tempo depois do acidente que mudou a sua vida.
- Na busca de uma causa pra viver, isso representou pra mim uma orientação, um norte da minha bússola. - contou o atleta. Mas a carreira esportiva não foi encerrada ali. Lars voltou ao topo do iatismo na década seguinte. Em 2015, ele conquistou o campeonato Mundial da Classe Star, que que foi excluída do iatismo olímpico em 2016. Hoje, ele acumula na carreira 2 títulos mundiais, 10 títulos continentais e 29 títulos nacionais.
Lars Grael fala sobre compaixão (Foto: Marcelo de Jesus)
Após esse mergulho em uma das histórias mais impressionantes do esporte brasileiro e de sentirem na pele a experiência da compaixão, tendo que contar com a ajuda de uma outra pessoa e tendo alguém dependendo deles, os participantes do primeiro reality de judô do Brasil seguem na briga para ganhar o Ippon, a luta pela vida. Com peso dois, todos continuam na disputa pela premiação e quem vai escolher o grande vencedor é você.