Vagner Mancini. Este é o resumo da recuperação do Vitória na Série A do Brasileiro. Sim, não é novidade para ninguém. Os números mostram isso, as declarações dos jogadores mostram isso. Mas não há nada mais simbólico para a alteração deste cenário do que o jogo deste domingo, o triunfo heroico por 3 a 2sobre o Botafogo (veja os melhores momentos no vídeo acima), com o gol da virada no minuto final, no Nilton Santos. Resultado que fez a equipe chegar à inédita 10ª colocação neste Brasileiro. O caminho para conseguir os três pontos é que mostra o tamanho da importância de Vagner Mancini. Cleiton Xavier, André Lima e Danilinho estão longe de transitarem na ala de elogios da torcida. Mas foram os escolhidos pelo treinador quando o jogo parecia perdido. Ganharam confiança, tiveram oportunidade. O Vitória perdia por 2 a 1, precisava do resultado. O treinador foi ousado, arriscou nas alterações e foi premiado com o resultado. André Lima, com 11 aparições na Série A, não jogava desde a partida contra o Flamengo, no dia 6 de agosto. Danilinho, que era olhado torto pelo torcedor, havia entrado em campo apenas três outras vezes. Mas não importa. Eles decidiram. André Lima fez o gol do empate, Danilinho garantiu os três pontos. Alguns atletas que não vinham bem durante o ano se recuperaram. Casos do Geferson, Danilinho e Cleiton Xavier hoje. O destaque é a parte coletiva. Às vezes tem nosso dedo também, as substituições hoje surtiram efeito. Lógico que tem o dedo do treinador, mas acima de tudo tem o coletivo. O grande trunfo do Vitória é esse, hoje a gente fala a mesma língua - avaliou o técnico. Foi para o tudo ou nada, podem minimizar. Verdade. Mancini foi para o tudo ou nada, era necessário isso, mas foi com convicção, com a certeza do que estava fazendo. Não mudou no desespero de ter mais atacantes na área adversária para levantar bola e rezar por um acerto. Em tempos de um futebol cada vez mais pragmático, ter um treinador que foge do comum pode fazer a diferença. Depois do jogo, o treinador explicou as mudanças que fez no time. Naquele momento eu via o Vitória ganhando mais a segunda bola e tendo posse no campo ofensivo, então eu precisava de atletas que jogassem lá na frente. Senti que o Botafogo também estava um pouco desgastado, então a gente pensou dessa forma. Não tinha motivo para não modificar a equipe de forma ofensiva. Essa ousadia também é passada para o jogador, que se torna mais ofensivo quando vê que você tenta isso - explicou.
Jogadores têm se mostrado entrosados com as ideias do treinador (Foto: André Durão)
Nos últimos 10 jogos, foram 20 pontos conquistados. Isso em um time que era dado como praticamente rebaixado na virada do turno. Um time que não demonstrava confiança ou força dentro de campo. Um time que entrava pressionado para não passar vergonha na Série A. Foram seis partidas fora de casa sob o comando de Mancini: cinco triunfos e um empate. A pedra no sapato continua sendo os jogos no Barradão. Algo a se resolver, mas que o jogo deste domingo pode ter dado um alento. O Vitória se mostrou muito efetivo quando se fecha na defesa e parte em velocidade no contra-ataque. No Nilton Santos, no entanto, o time teve que propor o jogo. Mudou o estilo, foi bem e chegou ao resultado positivo. Hoje foi um jogo onde a gente aprendeu que o Vitória pode sim marcar lá na frente, pode ter a posse de bola, porque fizemos isso e levamos a vitória - acrescentou o treinador. Os três pontos sobre o Botafogo elevam a moral do time e, ainda mais, daqueles que se sentiam escanteados. Mancini teve durante muito tempo problemas no relacionamento com os atletas. Fazia bons trabalhos, mas pecava no pessoal. Agora, nesta passagem pelo Vitória, ele mostra que isso é coisa do passado. Os jogadores confiam nele, compraram a ideia dele. E ele, mais do que nunca, confia no seu trabalho.