O destino de Kathellen Sousa poderia ter sido diferente se uma oportunidade de jogar futebol profissional nos Estados Unidos não tivesse aparecido. Aos 18 anos, a jovem deixou São Vicente, cidade do litoral paulista, para estudar e buscar realizar o sonho de se tornar jogadora profissional, algo impensável se optasse por ficar no Brasil.
– Estava na baixada santista, jogando futsal porque o Santos feminino tinha acabado. Estava a ponto de parar de jogar, aí pintou essa coisa de jogar nos Estados Unidos. Eu decidi ir, passei dois anos em Nova Iorque, decidi ir para uma universidade em Orlando e passei meu último ano lá. Foi uma loucura. Porque de primeira nos Estados Unidos você vai, não sabe nada do inglês e fica na dúvida se vai conseguir, mas futebol abre fronteiras. Meu pai fala "você pode não saber falar a língua, mas a língua do futebol todo mundo sabe" – explica.
Destaque na liga universiária de futebol, Kathellen chamou a atenção do analista de desempemho da seleção feminina Ricardo Pombo, que monitora diversas jogadoras ao redor do mundo em busca de novos talentos. No início do ano, a brasileira foi contratada pelo Girondins de Bordeaux, time da primeira divisão da França.
– Um time da França me descobriu e decidi ir pra lá. Esse começo de ano, passei de janeiro a maio jogando, tive um bom desempenho e a seleção me descobriu. Uma louca caminhada pulando de casa. Muito importante a seleção brasileira abrir portas para jogadoras que não tiveram oportunidades aqui e que foram procurar outras coisas em outros países. A gente continua batalhando, quer jogar futebol, defender a nossa seleção... é muito importante para gente, muito importante para a seleção em si, porque a gente está focada. Treinando todo dia, batalhando – conta.
O esforço para se tornar jogadora profissional valeu a pena e Kathellen foi convocada por Vadão pela primeira vez para defender a seleção brasileira feminina, durante os treinamentos visando a disputa do Torneio das Nações.
– É maravilhoso. Às vezes falo "estou aqui mesmo?". Estou muito honrada, feliz e quero defender essa camisa. Estou feliz demais. O foco é esse: treinar bastante, me dedicar e poder jogar a Copa do Mundo. O sonho de toda criança, né? Estou lá, batalhando para isso – disse.
– Ela chamou nossa atenção, é uma zagueira de um porte físico muito bom, alta, boa atleta, então vamos observar de perto – disse Vadão, sobre Kathellen.
A seleção brasileira feminina treina até o próximo dia 12 em Itu de olho no Torneio das Nações, que será realizado nos Estados Unidos entre o fim de julho e início de agosto. Por não ser uma Data Fifa, algumas jogadores não foram liberadas pelos seus clubes, abrindo ainda mais espaço para testes e oportunidades a jogadoras que estão sendo observadas pela comissão técnica.