Ana Marcela Cunha põe à prova, a partir das 19h (de Brasília) desta segunda-feira, uma temporada de mudanças. A maratonista aquática de 26 anos, eleita a melhor do mundo no ano passado, disputa a prova de 10km no Pan-Pacífico, um de seus principais compromissos em 2018. A disputa ocorre na cidade de Tateyama, a cerca de 100km de Tóquio.
A baiana e seu técnico, Fernando Possenti, passaram por duas mudanças grandes em um espaço de nove meses. Ambos arriscaram uma mudança para a África do Sul em outubro de 2017, a convite de uma fundação local. No projeto ao qual se dedicariam, cuja patrona era a mãe de um atleta, Possenti seria treinador e Ana Marcela, o principal nome da equipe. A ideia inicial era manter a Cidade do Cabo como base até os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.
A experiência não deu certo. O projeto não decolou, a dupla teve problemas com a obtenção do visto e penou com a parca estrutura de treinamento no local. Para não sair dos trilhos em um ciclo tão promissor quanto o de Tóquio - Ana Marcela conquistou três medalhas, um ouro e dois bronzes, no Mundial de Budapeste de 2017 - a opção foi voltar para o Brasil.Desde maio, eles têm treinado no Parque Aquático Maria Lenk, que faz parte do conjunto de instalações permanentes do Parque Olímpico da Barra da Tijuca, no Rio. Possenti foi contratado como técnico pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil).
- Terminou que a questão do visto nos prejudicou um pouco. Como a gente como viaja muito, entrava e saía do país várias vezes. A gente sentou e conversou com o pessoal aqui do Time Brasil, eles abriram a porta para nós, e resolvemos ficar em casa. Mas ficamos frustrados porque tínhamos uma meta e novos objetivos também. É uma experiência morar fora do Brasil, mas acredito que tudo tem seu espaço, sua hora - afirmou a nadadora.
O vaivém de países, felizmente, não afetou seu desempenho nas competições. Tricampeã mundial e do circuito mundial da Fina (Federação Internacional de Natação), Ana Marcela venceu em julho a etapa de Roberval, no Canadá, do circuito e lidera o campeonato mais uma vez. O triunfo na América do Norte foi o 20º de sua carreira no circuito mundial, o que a deixa a apenas um de igualar o alemão Thomas Lurz, maior vencedor da história.
- É um passo importante, né? Eu e o Fernando somos movidos a desafios, então gostamos de fazer coisas inéditas. Nós sabemos que isso também é importante no nosso esporte. Mas, quando compito, penso na vitória, e não que "preciso ganhar porque vou bater o Thomas Lurz". Almejando cada vitória e cada pódio e a gente acaba alcançando essas outras marcas históricas - disse.
Em meio ao bom momento, ela afirmou encarar o Pan-Pacífico como um termômetro para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Ana Marcela nunca conquistou um pódio olímpico. Havia enorme expectativa em relação à sua participação na Olimpíada do Rio, em 2016, mas ela acabou apenas na décima posição. Dois meses depois, submeteu-se a uma cirurgia para retirada do baço, que lhe custou quase 50 dias de recuperação, mas lhe poupou de problemas de saúde mais graves.Mais experiente, ela sabe o que precisa fazer para evitar que novas situaçãos atrapalhem sua busca pelo tão sonhado pódio olímpico.
- Graças a deu tudo certo, meus exames estão todos ok e não preciso tomar mais remedio. Mas eu preciso ter cuidado porque não tenho o baço, o sistema autoimune tem que estar sempre mais ligado. Não posso ficar doente nem nada porque não tenho o principal órgão que me ajuda, mas em relação a isso é treinar bem e tomar bastante água para não sobrecarregar o rim. O que mais deu certo foi voltar a trabalhar com o Fernando. Conseguimos colocar de novo a nossa parceria em ação e os resultados têm vindo - afirmou.
Além de Ana Marcela, também competem no Pan-Pacífico Viviane Jungblut, Allan do Carmo e Victor Colonese. Ao todo, estão escalados 31 nadadores, dos quais 14 homens e 17 mulheres.