O Brasil entrou de vez no mapa da canoagem slalom mundial. Neste domingo, enquanto o sol começava a se esconder no Parque Radical de Deodoro, Ana Sátila encontrou motivos para voltar a chorar. Mas desta vez de alegria. Se mais cedo havia decepcionado ao ficar com o sexto lugar na final do C1 feminino, no finzinho da tarde a brasileira se recuperou e brilhou. Com uma prova de recuperação, deixou as rivas para trás na reta final e conquistou um inédito e histórico título mundial para o Brasil no k1 extremo, prova que ainda não é olímpica mas que ganha cada vez mais espaço na modalidade e provavelmente estará no programa em Paris 2024.
"Estou muito feliz. Foi uma das provas mais difíceis que já participei. O contato é grande, acontece até de machucar. As rivais são muito boas. A prova é longa, começou no início da tarde. A posição de largada era ruim, foi difícil entrar na prova. Depois, foi só na garra e pensando na vitória"
Ana foi a mais veloz nas oitavas de final. Nas quartas de final, repetiu a dose e avançou para a semifinal entre os três melhores tempos. Nas semifinais, contou com a sorte de campeã. Na metade da prova, passou pelo lado errado de um dos portais. Outras duas rivais, porém, fizeram o mesmo. Como a brasileira foi a primeira a passar pela linha de chegada, conseguiu se classificar para a decisão. Na prova final, fez uma prova de recuperação e passou em primeiro lugar, voltando a encontrar motivos para sorrir. Com o resultado, a brasileira melhora a sua própria posição. O melhor resultado do Brasil já era seu. No ano passado, na final em Pau, na França, ela foi medalha de prata.
"Eu tenho quase certeza que em Paris vai entrar. É uma categoria muito emocionante, onde o público vibra, vê o contato. Isso acaba sendo muito bom para quem está assistindo. Nas próximas Olimpíadas teremos o cross brilhando na Olimpíada"
O dia começou ruim para a brasileira. Ela havia se classificado com o terceiro tempo na final do C1. Mas falhou na decisão e acabou ficando fora do pódio. Triste, chorou e se isolou. Muito pela tristeza de não conseguir novamente brilhar em sua prova olímpica, como foi na Rio 2016, quando nem chegou na final. Desta vez, porém, o fim foi diferente. Ela conseguiu resgatar forças e voltar para água para mais tarde ser campeã do mundo.
"O Brasil nunca teve um campeão mundial na canoagem slalom. Não é uma prova olímpica, mas que pode vir a ser. Esse título é muito importante para mim e não sei dizer o quão feliz estou"