Aos 63, "vovó alemã" dá adeus com prata no disco: "Não me sinto velha"
Quando entrou no Estádio Olímpico de Barcelona em 1992 para iniciar sua trajetória na Paralimpíada competindo no lançamento do disco e de dardo e no pentatlo, a alemã Marianne Buggenhagen não podia imaginar quão longe chegaria em sua carreira. Nem passava pela sua cabeça que um dia teria tantas medalhas paralímpicas, 13 títulos mundiais e que alcançaria sete participações nos Jogos. Com os cabelos totalmente brancos, ela fez sua despedida do megaevento aos 63 anos, disputando neste sábado no Estádio Olímpico do Engenhão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a final do lançamento do disco F55. Para o delírio dos fãs presentes, saiu com mais uma medalha, desta vez de prata, para sua enorme coleção, que agora chega a 14. São nove de ouro, três de prata e duas de bronze.
- É minha última competição na carreira. Eu estou muito feliz e acho que não poderia fazer melhor do que fiz hoje. É a primeira vez que eu venho ao Estádio no Rio. Acho que me senti muito bem, mas tiveram Jogos melhores e piores. Só que não consegui ver nada da cidade ainda. Mas estou feliz - comentou.
Para se ter uma ideia, Marianne competiu com atletas muito mais jovens e, mesmo assim, levou a prata, cravando 24m56. A dinamarquesa Frida Jerso, caçula na decisão, tem 19 anos. A atleta que ficou com o ouro foi Feixia Dong, da China, com a marca de 25m03, e tem 27. A terceira colocada, Diana Daditze, da Letônia, fez 22m66, e está com 30 anos. De acordo com a alemã, isso só mostra que não há idade para a prática do esporte.
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Nunca é tarde para começar a praticar esportes. Por mim, tudo bem competir com pessoas que têm 40 anos menos que eu. Não me sinto velha. Eu comecei com 37 anos e isso só mostra que, quando você quer algo, não tem idade ou nada que te impeça - falou.
Marianne ficou doente em 1976 e acabou se tornando cadeirante. Os médicos, na época, descobriram uma doença congênita na espinha. Antes disso, jogava vôlei de quadra e chegou a defender a seleção da Alemanha Ocidental. Como parte da reabilitação, conheceu o basquete de cadeira de rodas, que praticou por um tempo, mas se apaixonou mesmo pelo atletismo. Em 1977, um ano após ir para a cadeira de rodas, entrou para o clube BSG-Medizin Berlin-Buch e passou a treinar com regularidade.
Atualmente, seus treinamentos duram de 2h a 3h por dia, seis vezes por semana. Em seu tempo livre, curte pescar e escrever. Já publicou quatro livros, sendo um deles uma autobiografia, onde conta sua história em detalhes. Hoje, Marianne mora com seu marido. Curiosamente, reside em uma cidade chamada Berlin, mas que fica em El Salvador, não na Alemanha.
Fora isso, também se dedica à caridade. Depois de se aposentar em Pequim 2008, resolveu abrir uma escola para 2 mil crianças com deficiência. Acabou optando por retornar às pistas, mas não abandonou esse trabalho. Hoje, possui duas e quer se dedicar à atividade.
- Eu tenho duas escolas e vou focar nisso agora. Quero dedicar meu tempo integralmente a ajudar essas crianças - concluiu.
Autor: ,postado em 18/09/2016
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