Após surpreender na 1ª fase, Vitória sonha em fazer "belo playoff" no NBB
Nove de abril de 2016. A equipe do Universo/Vitória perde o terceiro jogo consecutivo (72-74, 67-81, 58-81) para o Mogi e cai nas oitavas de final do Novo Basquete Brasil. Acabava ali uma campanha irregular, com mais derrotas do que triunfos, porém dentro do planejado. Com um time montado às pressas, a meta era ficar entre os 12 primeiros. Um ano depois, a história é completamente diferente. O grupo comandado pelo experiente técnico Régis Marreli engrenou, fez bela campanha e terminou a fase de classificação entre as oito melhores equipes da competição (novamente dentro da meta!). Nesta sexta-feira, o Vitória inicia a trajetória nos playoffs contra o Campo Mourão, em uma melhor de cinco, desta vez com o mando de quadra. A partida está marcada para 19h30 (horário de Brasília), no Ginásio Belin Carolo.
Não é difícil apontar os elementos que fizeram esse jogo virar. No ano passado, tudo foi feito em cima da hora. A parceria entre a franquia Universo e o Vitória foi concretizada em outubro, e a equipe entrou em quadra pela primeira vez já em novembro. Não houve tempo para fazer a preparação adequada, pré-temporada... Mal houve tempo para formar o elenco, para falar a verdade. A equipe foi montada dentro de um universo limitado de atletas disponíveis para disputar a competição.
Cenário completamente diferente do que se apresentou para a atual temporada. Com tempo para mapear atletas de qualidade, realizar uma pré-temporada adequada e prospectar outros profissionais, os frutos começaram a ser colhidos desde cedo, com o Vitória entregando uma campanha segura e fazendo frente aos principais times da competição.
O técnico Régis Marreli, que recebeu a equipe do GloboEsporte.com após um treino de preparação para a partida contra a Liga Sorocabana, pela penúltima rodada da temporada regular (o Vitória venceu por 69 a 62), falou sobre a realidade distinta que vivenciou no período de um ano.
- Ano passado, foi tudo muito em cima da hora. O time nosso, na verdade, é uma franquia que era de Uberlândia. Quinze dias antes de iniciar a competição, eu cheguei aqui. Não tinha academia, não tinha preparador físico, não tinha uniforme, não tinha absolutamente nada. Foi tudo muito em cima da hora. Esse ano foi totalmente diferente. Marcelo Falcão entrou, a gente se reuniu e conseguiu montar essa equipe dentro de um universo financeiro, porque é lógico que, se pudesse, eu queria os cinco jogadores que estão na Seleção Brasileira. Mas no que foi possível, dentro do nosso orçamento, nós conseguimos escolher os jogadores, ter dois meses de pré-temporada, uma academia, trouxemos um preparador do Rio de Janeiro, que é muito bom. Toda uma estrutura diferente. Isso está sendo mostrado nos resultados – analisou o treinador.
É a mesma linha de pensamento que segue Zé Luís, diretor-geral da Universo.
- A gente teve mais tempo, teve a pré-temporada também. Tivemos um tempo melhor para selecionar atletas dentro da característica do campeonato. Essa pré-seleção foi feita e tivemos tempo de preparar essa equipe, se conhecer. Fizemos a pré-temporada e fomos muito bem. A tendência é na próxima temporada melhorar cada vez mais para conquistar o título – afirmou.
O Vitória fechou a temporada regular na sétima posição, o que foi importante para garantir o mando de quadra nas oitavas de final contra o Campo Mourão. Dos cinco jogos a ser realizados entre as equipes, três serão em Salvador, sendo que um dos times garante classificação para a próxima fase quando alcançar três triunfos, sem a necessidade, portanto, das cinco partidas. A partir das quartas de final, os quatro primeiros colocados entram na briga – são eles Flamengo, Mogi das Cruzes, Brasília e Franca, respectivamente. Caso o Rubro-Negro avance, encara o Mogi.
De maneira geral, o Vitória fez uma campanha segura. A sétima colocação veio com 16 triunfos, 12 derrotas e 78,6% de aproveitamento. A melhor sequência se apresentou logo no início da competição, quando a equipe venceu os cinco primeiros duelos e chegou a figurar entre as três melhores da competição. Vencer o Brasília duas vezes, por exemplo, foi uma demonstração de força de um time entrosado e que pode incomodar. Por outro lado, o Rubro-Negro foi derrotado pelas outras três equipes que fecham o G-4.
O bom desempenho anima Sérgio Henrique Silva, diretor administrativo da Universo, que sonha alto para esses playoffs.
- Campeão. Quero ser campeão. Perdeu para o Mogi Mirim por uma cesta. Contra o Flamengo fomos para a prorrogação, ganhamos do Brasília. Se analisar o que aconteceu... – avaliou o dirigente.
Marreli é mais cauteloso. Embora se mostre satisfeito com a campanha de sua equipe, o técnico está preocupado com as lesões que alguns dos seus principais jogadores sofreram na reta final da primeira fase, fator que, inclusive, prejudicou o desempenho do Vitória em alguns jogos. O ala Keyron e o pivô Douglas Kurtz conseguiram se recuperar a tempo de voltar nas últimas partidas da competição, mas outros dois alas, Edu Mariano e Chris Hayes, não tiveram a mesma sorte.
- Estamos com uma série de contusões que nos últimos resultados pesaram muito, e isso está me preocupando bastante, porque vamos entrar no playoff, e o time não vai estar inteiro. Por tudo o que a gente fez na competição, isso é o que está preocupando – declarou o treinador.
Para ter uma ideia da importância desses atletas para a equipe, é só analisar os números. O norte-americano Hayes, por exemplo, tem média de 10.3 pontos, o quarto principal jogador do time no quesito, e 5.9 rebotes, quesito esse que lidera. Edu Mariano tem médias de 5.7 pontos, 3.9 rebotes e 2.7 assistências. Hayes não tem previsão de volta, enquanto Mariano tem grandes chances de estar à disposição para o segundo jogo contra o Campo Mourão.
Régis Marreli avalia as chances do Vitória caso a equipe consiga chegar “inteira” para a disputa dos playoffs.
- Se conseguirmos recuperar os jogadores, nós temos condição de fazer um belo playoff, ficar entre os quatro, nada é impossível. Esse time aí, se tiver inteiro... Eu estou batendo nessa tecla, mas é o que realmente está me preocupando. Eu acho que a gente tem condição de ir bem longe. Playoff é um outro campeonato. A gente sempre diz que divide. Entra no playoff, muda a postura do jogador, muda a postura dos árbitros, muda a postura do ginásio sempre lotado, pressão, os dois times buscando a vitória a qualquer custo. Eu espero que a gente faça um belo playoff – projetou.
UNIVERSO E VITÓRIA
Para dar um salto qualitativo em relação à campanha do ano passado, houve também um incremento financeiro. No primeiro ano da parceria entre Universo e Vitória, a equipe de basquete sobreviveu com um investimento de R$ 1,5 mi. Na atual temporada, o valor foi duplicado. Ainda é pouco se comparado aos R$ 9 milhões que o Flamengo investe por temporada, os R$ 6 milhões do Bauru, porém a expectativa é ir aumentando o investimento ano após ano.
Desses R$ 3 milhões investidos para a atual temporada, do R$ 1,5 mi da temporada passada, o aporte é quase todo feito pela Universo. Cerca de 90%, para ser mais exato. O Vitória entra com estrutura médica, apoio logístico, segurança, além de outros dois elementos fundamentais, porém difíceis de ser mensurados: a marca e a torcida.
Para a Universo, o retorno perfeito é o casamento entre esporte e educação. Depois da parceria com o Rubro-Negro baiano, a instituição criou o sistema de bolsas sócio-torcedor, que oferece para quem se inscreve, e também para seus familiares, descontos nos cursos que a universidade disponibiliza no campus de Salvador. A procura tem aumentado através da divulgação que o basquete proporciona.
- É uma forma de atrair esse sócio-torcedor para a área de educação também. Por causa do time de basquete, a gente está também abrindo dois grandes cursos, que é o curso de fisioterapia e o curso de educação física, que não tinha no campus Salvador. A gente tem tido uma demanda em relação a esses cursos. A tendência é crescer mais ainda e ver a demanda sobre esses cursos explica Zé Luís.
BOLA AO ALTO
A equipe do GloboEsporte.com aproveitou um treinamento do Universo/Vitória para bater um papo com os jogadores e, além disso, se arriscar na quadra. Confira no vídeo abaixo o desempenho nem tão agradável dos repórteres Rafael Santana e Ruan Melo.
Autor: ,postado em 08/04/2017
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