são 16 dias desde que o Bahia resolveu demitir o técnico Jorginho, após uma sequência ruim de resultados e, sobretudo, atuações fracas. O anúncio foi feito em 31 de julho, um dia depois da derrota para o Sport, em casa, por 3 a 1. São 16 dias, portanto, de um silêncio sepulcral. A diretoria tricolor se calou, e um clima de indefinição paira no ar: alçado ao cargo de interino, Preto Casagrande será efetivado como técnico? O clube busca um nome no mercado?
A reportagem do GloboEsporte.com entrou em contato com o Bahia para obter uma posição a respeito da situação na última segunda e nesta quarta-feira. Nesta tarde, inclusive, a assessoria de imprensa negou uma fonte direta para tratar do assunto e orientou a equipe a escutar o programa oficial de rádio do clube. Assim foi feito. Em pronunciamento no programa, o presidente Marcelo Sant'Ana explicou o motivo da demora na escolha de um comandante e a opção pelo silêncio.
- Quando Guto saiu, a gente optou por trazer logo o Jorginho, um processo muito rápido, na mesma semana, porque a gente entendia que Jorginho poderia dar sequência ao trabalho que vinha sendo desenvolvido nos 11 meses anteriores pelo Guto. Infelizmente, não foi o que a gente esperava, teve dificuldades no campeonato e mudanças de metodologia que terminaram não encaixando. No desligamento de Jorginho, falei há cerca de 15 dias, que a gente teria um pouco mais de calma na escolha desse novo profissional, que seria uma decisão em que a gente não poderia errar, e que a gente confiava na comissão técnica permanente do Bahia. Preto é um deles auxiliares dessa comissão técnica. Ele assumiu como interino, tem tido o suporte dos auxiliares - disse Sant'Ana.Então a gente queria, por confiar nessa comissão técnica da casa, dar um pouco de tempo para essa comissão... Cerca de quatro a cinco rodadas, para que a gente pudesse tomar a decisão de uma forma mais segura sobre o que é o melhor para o Esporte Clube Bahia" - disse.
O presidente afirmou que, no período em que está à frente do clube, aprendeu que é necessário integrar metodologia e profissionais para ter um bom resultado. Ele destacou a confiança na comissão técnica permanente e pediu calma.
- Nesse período de dois anos e meio que o grupo está à frente do Bahia, tivemos quatro profissionais que trabalharam por um tempo a mais no Bahia, incluindo Jorginho. Sérgio Soares, Doriva, Guto e Jorginho. O que a gente pôde extrair? Que, quando não existe integração com a metodologia, a mecânica, os profissionais, os resultados não foram o que se esperava. Desgastes aconteceram, a condução de processo ficou um pouco diferente. Por confiar nessa comissão, a gente preferiu e tem preferido fazer a escolha do nosso técnico com calma - afirmou.
Sant'Ana ainda explicou o motivo de estabelecer um prazo de quatro a cinco jogos. Ele lembrou que Preto não teve as semanas inteiras para treinar e disse que, no início, o interino fez apenas um trabalho corretivo.
- O prazo, internamente, era de quatro a cinco jogos, para observar o trabalho do Preto com essa comissão. A partida do Vasco vai ser a quarta partida dele. E um prazo que não foi escolhido à toa. O Preto viajou na segunda, para o jogo contra a Chapecoense. Na volta, a gente já teve jogo contra o São Paulo. Então era uma semana que não dava para trabalhar muito, além de ter que recuperar metodologias de trabalho que já tinha algumas situações... Porque o Preto chegou antes de Guto. Foi um trabalho mais corretivo de algumas situações neste período. Na semana passada, foi a primeira que pudemos ver mesmo o trabalho do Preto com a comissão. Essa semana é a segunda. A gente precisava ver um pouco do trabalho dessa comissão. Por isso não contratamos ainda. Os jogadores já nos procuraram para defender o trabalho do Preto. A posição foi muito clara: para o jogador defender o técnico, seja quem for, o que a gente quer ver é resposta dentro de campo. Ter manifestações é importante, passa confiança para o profissional, para as outras pessoas que integram a comissão técnica, mas a primeira resposta do futebol é dentro de campo, com a atitude, personalidade, determinação e resultado - explicou.
A despeito da inexperiência, pesa a favor do atual comandante a boa relação com o elenco. Ainda como auxiliar, Preto Casagrande sempre foi muito querido pelos atletas, que frequentemente têm feito lobby a seu favor, caso de Zé Rafael na semana passada.
- A gente está bem tranquilo. Preto é um cara bacana, que tem o grupo na mão, trabalha há um bom tempo como auxiliar. Ele tem nossa confiança, e a gente a dele. Ambos têm conhecimento de cada um. Ele sabe o que cada atleta pode render. Ele está feliz com a oportunidade, a gente também. Não cabe a nós [decidir se ele será efetivado]. A diretoria que resolve essa parte aí. Tem [condição de ser efetivado], por que não? Acredito que sim, mostrou isso. Nos jogos que teve oportunidade, mostrou capacidade. Espero que a gente possa ajudar a ele. Se a gente conseguir ter os resultados, ele vai ter mais oportunidades – afirmou em entrevista coletiva.
A primeira experiência de Preto Casagrande à frente do Bahia foi no empate em 1 a 1 contra a Chapecoense. Em seguida, um triunfo suado sobre o São Paulo, por 2 a 1. Em ambas as partidas, a equipe não jogou bem, mas demonstrou vontade e organização ofensiva (sobretudo contra os paulistas). No fim de semana, derrota por 4 a 1 sobre o Atlético-PR, em uma atuação desastrosa na segunda etapa.