rotina de Preto Casagrande foi completamente alterada. Escolhido para ocupar o cargo de técnico interino do Bahia desde a demissão de Jorginho, no fim de julho, ele completou recentemente três semanas como comandante tricolor e ainda se adapta à nova função, enquanto convive com a expectativa de ser efetivado. Contratado em 2016 para o cargo de auxiliar permanente do clube, ele carrega como parâmetro características marcantes dos trabalhos de Doriva, Guto Ferreira e Jorginho, treinadores que acompanhou de perto no Fazendão. No entanto, a principal fonte de inspiração é familiar. O primo, Caio Junior, ex-técnico da Chapecoense morto na tragédia aérea que vitimou 71 pessoas em dezembro do ano passado, é a grande referência para Preto, que tem na busca pelo sucesso um caminho para se aproximar de quem já não pode ser alcançado.
- Hoje, quem mais me inspira, é meu primo, que faleceu, o Caio Júnior. É um cara que... Eu fico me imaginando tendo o sucesso que ele teve, até para ficar mais junto dos meus primos que ficaram, da esposa dele assim... Acho que posso ser, para eles também, uma coisa de boa de ver lá no futuro... Depois que ele faleceu, me aflorou mais essa vontade de virar treinador. Justamente porque eu via muito ele, admirava muito o trabalho dele, não só como homem, mas como profissional. Eu me acho parecido com ele na forma de tratar as pessoas. Até que ele era muito mais bonzinho, eu sou mais chato. Mas ele é um cara que eu tenho como referência.
Antes auxiliar, hoje Preto comanda interinamente o Bahia no Campeonato Brasileiro (Foto: Felipe Oliveira / EC Bahia / Divulgação)
Em entrevista ao GloboEsporte.com, Preto falou sobre a relação com os jogadores, o período de “testes” imposto pela diretoria do Bahia e sobre a reação da torcida tricolor ao trabalho desenvolvido até aqui. Ele também afirma estar pronto para dar o próximo passo na carreira de treinador. Sob o comando do interino, o Tricolor atuou quatro vezes, com dois triunfos, um empate e uma derrota. Confira abaixo a entrevista completa.
GloboEsporte.com: Como tem sido a experiência como técnico do Bahia?
- Aprendi muito com os treinadores que passaram. Acho que esse convívio do dia a dia é fundamental, porque eu tinha vivido muito o outro lado, como atleta, mas sempre observando muito e tirando as minhas conclusões dos treinadores que eu achava que faziam as coisas boas e as que nem tanto. Então tirei coisas da vida inteira como atleta, sempre observando, sempre muito observador e muito chato. Mas é lógico que essa volta e esse tempo de quase dois anos em que eu estou de auxiliar foram fundamentais para reviver e aguçar esse processo de interação com tudo que acontece, porque a gente sabe que a vida de treinador não é só escalar. É um monte de bronca que você tem que resolver diariamente. Então esse processo que eu tive de ser auxiliar foi importantíssimo para que eu traçasse o que penso que é melhor, o que eu acho que resolve, o que não resolve, para poder implantar. Estou há 22 dias no comando, quatro jogos, tentando fazer da minha maneira, do jeito que eu penso o futebol, o dia a dia, o que eu acho importante, o ambiente. A disciplina tática também, que hoje acho que é imprescindível para qualquer time.