Estadual baiano abre um abismo financeiro

No meio de um calendário extremamente apertado, muito se discute a relevância dos torneios estaduais, principalmente nos campeonatos fora do eixo SP-RJ-MG-RS. E isso tem uma explicação óbvia: financeiramente não é rentável. No nosso estado, Vitória e Bahia receberão R$ 850 mil (Cota 1) cada por participação. Todos os outros clubes pertencentes a Cota 2 receberão R$ 113 mil cada.
De acordo com o estudo realizado pelo jornalista Cassio Zirpoli sobre as cotas de TV dos estaduais, só o Bangu-RJ receberá R$ 2 milhões por participar do Campeonato Carioca. Isso é mais do que Bahia e Vitória juntos (R$ 1,7 milhão). Se achou que isso beira o absurdo, saiba que o Boavista-RJ receberá R$ 4 milhões de cota de TV para participar do estadual. Isso é mais que os quatro nordestinos que irão disputar a Série A em 2018. A desigualdade nas cotas dos Estaduais gera distorções absurdas. Some as de Bahia e Vitória. Multiplique por dois. Ainda assim o valor será menor que a cota do Boavista para disputar o Carioca.
A menor cota de TV do Campeonato Paulista recebida por clubes como Linense, São Bento e Santo André gira em torno de R$ 3,3 milhões - quase quatro vezes mais que o Vitória recebe. Isso para não falarmos da Cota 1, em que Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo recebem R$ 17 milhões cada (20 vezes mais que o Vitória).
Tem mais. As cotas totais de TV no Campeonato Baiano são de R$ 2,6 milhões. Por participar do Paulista, o Ituano-SP recebe R$ 3,3 milhões. A desigualdade de dinheiro no futebol atinge novos níveis aqui. Se ficarmos só no "amém", a tendência é piorar. É preciso se rebelar contra os valores praticados. Atlético Paranaense e Coritiba fizeram isso ano passado. A cota de TV do Campeonato Paranaense é semelhante aos valores praticados na Bahia. Ambos os clubes recusaram a proposta de R$ 1 milhão feita pela Globo-PR, levando, inclusive, ao cancelamento de um clássico. Assim, nenhum jogo da dupla foi transmitido em rede aberta, somente pelo Youtube. Como pouco mudou, irão manter a postura este ano.
A distribuição das cotas de TV para os estaduais gera distorções que são difíceis de aceitar. Não estou dizendo que o Campeonato Baiano deve ter o mesmo valor do Campeonato Carioca, mas não podemos aceitar 1/20 deste valor. Os clubes precisam se unir e para buscar algo melhor para o futebol. Não dá para ficarmos refém de valores tão irrisórios. Por Gerson de Souza ( espnfc.espn.com.br/vitoria)Autor: ,postado em 09/01/2018
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