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Pior fase em 35 anos: O judô masculino brasileiro em xeque


Pior fase em 35 anos: O judô masculino brasileiro em xeque

São 17 medalhas olímpicas, 24 em Campeonatos Mundiais individuais, além de dezenas de pódios em Jogos Pan-Americanos e seis em Mundiais por equipes. O judô masculino do Brasil é um dos mais tradicionais do mundo, vai ao pódio em todas as edições olímpicas desde 1984, mas viu, na Rio 2016, seu pior resultado em 36 anos.

Antes de começar a falar dos problemas atuais do judô masculino do país, valem duas ressalvas:

- Os judocas do peso pesado do país estão muito bem, temos dois atletas no top 5 do ranking, ambos foram ao pódio no Campeonato Mundial do ano passado e, nas duas últimas Olimpíadas, Rafael Silva levou o bronze.

- O momento brilhante do judô feminino, com uma geração espetacular, que acumula pódios em cima de pódios, e comanda a modalidade no país desde 2010.

Agora, os problemas.

Na última Olimpíada, no Rio de Janeiro, apenas Rafael Silva foi ao pódio, fazendo com que os homens tivessem a pior campanha desde 1980. Pior que isso, apenas um outro atleta, Felipe Kitadai, ficou no top 8. No Mundial do ano passado, se tirarmos o resultado dos pesados, nenhum judoca conseguiu sequer chegar às quartas de final. Só como comparação, no Mundial de 2010, por exemplo, cinco foram até às quartas.

No ranking mundial, que será divulgado nesta terça-feira, após os resultados no Grand Slam da Rússia, em que o time masculino do Brasil ganhou apenas uma medalha, contra sete das mulheres, o país aparecerá no top 8 apenas no peso pesado.

De resto, nenhum judoca nacional está entre os 8 primeiros do mundo em sua respectiva categoria. E olha que a CBJ tem verbas para mandar os judocas a todos os grandes eventos, então esse não tem sido o problema.

O judô feminino do Brasil vem se consolidando como uma potência, talvez atrás apenas de Japão e França. Já o masculino, tanto em número de medalhas como no total de vitórias em lutas nos grandes eventos, patina e não fica nem entre as dez maiores potências.

Nas categoria até 90kg e até 100kg, o país não tem nenhum atleta no top 30 do ranking.

O maior problema não é exatamente a falta de novos talentos. Daniel Cargnin é atual campeão mundial sub 21, Aldi Oliveira levou o ouro no Mundial sub-18 ano passado. Desde 2013, são 12 medalhas em Mundiais de categorias de base para os homens brasileiros.

E a base sempre foi muito importante para o judô brasileiro. Basta lembrar que Aurélio Miguel, Henrique Guimarães, Carlos Honorato, Tiago Camilo e Leandro Guilheiro, todos medalhistas olímpicos, foram ao pódios nos Mundiais das categorias de base.

Os resultados não estão aparecendo. E os problemas não são mais pontuais. Não são mais detalhes que estão fazendo a diferença. Não é mais azar no sorteio da chave, descuido em um momento da luta ou algum golpe duvidoso. É o todo. Os judocas brasileiros, no masculino, perderam muito espaço em âmbito mundial.

Não estou aqui para julgar atleta por atleta. Todos têm seus valores. Felipe Kitadai tem medalha olímpica, Victor Penalber já foi ao pódio em Campeonato Mundial, Charles Chibana já liderou o ranking, Eric Takabatake e Phelipe Phelim têm ganho lutas importantes no peso ligeiro, Marcelo Contini só caiu diante de um campeão olímpico no Mundial do ano passado, Rafael Buzacarini teve um 2016 muito bom...Mas a verdade é que nenhum destes está encantando no momento a ponto de ser forte candidato ao pódio em qualquer competição. Podem subir o nível de novo e ir ao pódio no Mundial deste ano e na Olimpíada de Tóquio 2020, claro, mas não estão, no momento, no nível de um pódio em eventos grandes.

O começo da virada da chave pode ser o Grand Prix da Geórgia, no fim do mês. Novos talentos brasileiros, como Daniel Cargnin, Rafael Macedo, Michael Marcelino e Leonardo Gonçalves, todos com pódios em Mundiais de base, vão participar. Talentos que têm tido chances no adulto, ainda não aproveitaram nenhuma delas, mas podem começar o caminho para Tóquio 2020 e, claro, Paris 2024.

Minha torcida é que o Brasil leve, para Tóquio 2020, sete atletas com chances reais de medalha.Se vão conquistar uma, duas, três ou nenhuma, aí já é outra história. Mas é importante que as derrotas brasileiras voltem a ser pontuais, no detalhe, e não mais em atacado, como vêm acontecendo. E, claro, que as vitórias reapareçam.

 

Autor: ,postado em 20/03/2018


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