atleta com maior número de medalhas nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba até agora é brasileira. A nadadora Gabrielle Roncatto participou de cinco provas e esteve no pódio em todas elas - conquistou quatro ouros e uma prata. No último dia de provas da natação, o Brasil conquistou mais seis medalhas e também foi destaque na ginástica e em outras modalidades. A ótima atuação da nova geração brasileira aponta um futuro promissor na natação, que passou a carecer de ídolos depois das "eras Cielo e Gustavo Borges". Além de resultados, Gabrielle também carrega consigo o peso de histórias impressionantes.
Aos 17 anos, Gabrielle participou de sua primeira Olimpíada como a novata da natação brasileira durante a Rio 2016. Mas antes de disputar uma medalha olímpica no Parque Aquático Maria Lenk, ela passou por um acidente em casa. A jovem promessa estava no banho quando o box do banheiro quebrou. Com o impacto e o contato com os estilhaços de vidro, Gabrielle desmaiou. Sem ninguém em casa, ela foi acordada com as lambidas do cachorro.
Gabrielle entrou em contato com o técnico pelo telefone e foi levada ao hospital. Quando recebeu a notícia que teria que levar vários pontos ou ficaria com cicatrizes, adivinhem? Ela se recusou a levar os pontos, pois estava prestes a disputar a seletiva olímpica. Contrariando o médico, ela saiu do hospital sem levar os pontos e sequer deixou de treinar apesar dos cortes. Com machucados pelo corpo, ela não parou de treinar. Com isso, cada entrada na piscina era uma prova de resistência. Lidar com a dor de cada corte em contato com a água foi uma de suas provas de amor à natação.
Esforço e resistência são de fato marcas de Gabrielle. Desde pequena, sua paixão foi treinar e se dedicar a natação. Ela não gosta de moleza e sabe que cada braçada a mais pode dar resultado na hora de bater a borda da piscina primeiro. Em Cochabamba, ela chegou a contrariar o técnico, que recomendou pegar leve nos primeiros dias de treino - em função da altitude.
- Como é bom poder acordar todo dia de manhã e ir treinar. Gratidão, é essa a palavra que define tudo que a natação proporcionou e proporciona na minha vida. Extremamente apaixonada pelo que faço - comentou.
Outra característica da atleta de São Paulo é a versatilidade. Gabrielle já disputou maratonas aquáticas e competiu no peito, borboleta, costas, crawl e em tudo que se possa imaginar. Nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba, ela conquistou medalhas de ouro nos 200m livre, 200m medley, 400m medley e no revezamento 4 x 200m livre, além do segundo lugar nos 400m livre. Como estratégia para Tóquio 2020, ela pretende se dedicar a duas provas. As preferidas do momento são 200m livre e 200m medley.
Mas, não foi só Gabrielle quem brilhou nas piscinas bolivianas. O Brasil terminou sua participação na natação com mais seis medalhas - ontem os nadadores do país ja tinham conquistado mais 11. Nesta quarta-feira, Ana Carolina Vieira foi ouro nos 100m peito. Na mesma prova, Bruna Leme ficou com o bronze. Nos 100m livre, Breno Martins ficou com o primeiro lugar - completou a prova em 49s40. Nos 100m costas, Fernanda De Goeij ficou com a prata, perdendo para a colombiana Isabella Arcila.
Fechando as provas, o Time Brasil esteve no pódio no revezamento 4x100. Ana Carolina Vieira, Fernanda De Goeij, Clarissa Rodrigues e Rafaela Raurich foram campeãs superando Colômbia e Peru. E os meninos Andre Luiz Calvelo, Fernando Scheffer, Breno Correia e Marco Antonio Junior ficaram com a prata, atrás da Venezuela e a frente da Colômbia.
Em outras modalidades, o Brasil também foi destaque. Na ginástica, o país conquistou mais quatro ouros. Na barra fixa, Caio Campos Souza foi o vencedor. No salto, Arthur Zanetti conquistou mais uma medalha dourada - ele já tinha vencido a disputa por equipes e as argolas. Flavinha venceu a prova da trave e Thais Fideliz foi ouro no solo.
Com equipe formada por jovens de 17 a 23 anos, o judô brasileiro fechou sua participação nos Jogos Sul-Americanos novamente com pódios. Luiza Cruz conquistou o ouro no pesado feminino e João Marcos Cesarino ficou com o bronze no pesado masculino. Com os resultados, o judô garantiu 100% de aproveitamento com pódios em todas as categorias e ficou em primeiro lugar no quadro geral de medalhas, com quatro ouros, cinco pratas e cinco bronzes.
No handebol, a equipe feminina do Brasil ganhou do Chile por 30 a 16. Com o resultado, a seleção se classificou para a final e também garantiu vaga no Pan-Americano de Lima - competição que dá vaga para a Olimpíada de Tóquio 2020.
No triatlo, o quarteto formado por Luísa Batista, Vittória Lopes, Manoel Messias e Kauê Willy liderou a prova mista de ponta a ponta e garantiu mais uma medalha de ouro para o país. A prata ficou com o time colombiano e o bronze para a equipe equatoriana.
Na esgrima, a equipe feminina de florete ficou com o ouro. Na final, o trio formado pelas esgrimistas Bia Bulcão, Mariana Pistoia e Gabriela Cecchini venceu as colombianas por 45 a 43. No ciclismo de pista, Flavio Cipriano, João Vitor da Silva e Kacio Freitas fizeram a prova em 43s877 e conseguiram alcançar o pódio masculino, ficando com o terceiro lugar. No boliche, o Brasil ficou com o bronze na disputa individual com Renan Zoghaib.
Os Jogos Sul-Americanos de Cochabamba vão até o dia 8 de junho.