Nem mesmo duas quedas na trave abalaram o Brasil. Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira, Rebeca Andrade e Thaís Fidelis deram show nos outros três aparelhos para compensar em grande estilo as falhas na trave da classificatória do Mundial de Doha. Neste domingo, a equipe foi a quinta colocada, igualando a melhor posição da história do país. Flavinha ainda garantiu vagas nas finais do individual geral e do solo. Jade também levou um posto no individual geral.
Com 162,529 pontos, o Brasil só ficou atrás do trio favorito - Estados Unidos (174,429), Rússia (165,497) e China (165,196) - e do Canadá, que fez uma competição quase toda cravada e conseguiu 163,897. As brasileiras deram show no salto, só não foram melhores que as americanas. Foi o diferencial neste domingo. Japão, França e Alemanha completaram o top 8 que vai em busca do pódio na terça-feira, às 10h (de Brasília), com transmissão ao vivo do SporTV 2. As equipes medalhistas já se garantem na Olimpíada de Tóquio 2020. O top 24 em Doha briga por nove postos no Mundial de 2019, em Stuttgart, na Alemanha.
- Sei que elas podem fazer muito mais. Tomara que isso aconteça na final. O objetivo era chegar à final. Estou feliz que elas conseguiram - disse Valeri Liukin, lenda da ginástica que atua em Doha como conselheiro da equipe feminina a serviço do Comitê Olímpico do Brasil.
Resultados do Brasil na classificatória do Mundial de Doha
Ginasta/prova | Salto | Assimétricas | Trave | Solo | Geral |
Brasil | 43,532 (2) | 40,832 (7) | 37,932 (12) | 40,233 (3) | 162,529 (5) |
Rebeca | 14,566 | 14,333 | 12,633 | - | - |
Jade | 14,500 | 13,333 | 11,700* | 13,200 | 52,733 (20) |
Thaís | 13,533* | - | - | 13,133 | - |
Lorrane | - | 13,166 | 12,066 | 13,033* | - |
Flavinha | 14,466 | 12,400* | 13,233 | 13,900 | 53,999 (10) |
O Brasil teve seu primeiro grande ato em um Mundial em 2007, quando um time com Jade, Daiane dos Santos, Lais Souza e Daniele Hypolito fechou a competição no quinto posto. Só na classificatória da Rio 2016 o país foi repetir o resultado, mas precisou de uma competição impecável de um quinteto bem parecido com o de Doha - só Thaís não estava na Olimpíada e substituiu Dani. Desta vez, a quinta posição veio mesmo sem uma apresentação impecável. Não por falhas das rivais, sim por uma evolução do nível técnico.
Flávia Saraiva vai à final do solo no Mundial de Doha — Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br
Finais individuais
Finalista olímpica da trave, Flávia Saraiva chegou ao Mundial como uma das favoritas no aparelho, mas entrou pressionada depois das quedas de Jade e Rebeca. Ela afirma não ter sentido tal pressão, mas acabou cometendo muitos desequilíbrios. A briga pelo pódio teve de ficar para outra competição na trave. Mas Flavinha, assim como no Mundial de 2015, ainda se classificou para a decisão do individual geral, com a 10ª posição, com 53,999 pontos. A chance maior de medalha é no solo. Campeã da Olimpíada da Juventude no aparelho, ela foi a quinta colocada em Doha, com 13,900.
Jade Barbosa vai voltar a uma final de Mundial depois de oito anos. Bronze no salto de Roterdã 2010, a ginasta vai repetir a Rio 2016 e disputar a final do individual geral. Com 52,733 pontos, foi a 20ª colocada, mas a 18ª da lista de finalistas por haver um limite de duas ginastas por país.
Jade Barbosa vai à final do individual geral no Mundial de Doha — Foto: Francois Nel/Getty Images
Primeira rotação - salto
O Brasil começou com tudo a classificatória, já em seu aparelho mais forte. Thaís abriu a participação com um salto mais simples, porém bem executado, para tirar 13,533. Aí veio o show de Duplo Twist Yurchenko (DTY). Jade, Flavinha e Rebeca apresentaram o mesmo salto e com muita precisão. Conseguiram respectivamente 14,500, 14,466 e 14,566. Com o somatório de 43,532 pontos, o Brasil só não foi melhor que os Estados Unidos no salto. Um grande resultado.
Segunda rotação - barras assimétricas
Era a vez das barras assimétricas, aparelho que sempre foi o ponto fraco do país. Desta vez não houve sustos. Lorrane só deu um passo largo na saída (13,166). Jade também não cometeu falhas graves e conseguiu 13,333. Flavinha tirou 12,400, mas a nota foi descartada para o somatório, porque ainda havia Rebeca. Ela praticamente cravou sua série e conseguiu 14,333 para puxar a nota do Brasil. Com 40,832 pontos, a equipe se manteve muito bem na briga por uma final.
Terceira rotação - trave
O problema desta vez foi a trave, justamente um aparelho que foi o destaque do Brasil na Rio 2016. Lorrane abriu com alguns desequilíbrios leves e um passo pequeno na saída (12,066). Jade estava bem, mas teve uma queda depois de uma acrobacia (11,700). Rebeca também começou firme, só que desequilibrou e caiu (12,633). A pressão ficou para Flavinha, finalista olímpica do aparelho. Ela pareceu ter sentido, cometeu muitos desequilíbrios leves que a tiraram da decisão do aparelho, mas conseguiu 13,233. Com 37,932 pontos, o Brasil ainda estava na disputa.
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