Da garupa do pai a xodó de Tite, Everton valoriza mil vezes em 6 anos

Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza. No estado do Ceará, idos de 2010, Everton se equilibra na garupa do pai, Carlos Alberto Soares, e percorre de bicicleta os 15 minutos até o centro de treinamento da base do Fortaleza. O badalar das pedaladas era rotineiro para o menino de origem humilde e de uma timidez tão genuína quanto seu talento para deixar no chão os rivais. O atrevimento, o drible fácil e a vocação para o gol são os mesmos que hoje o transformam em xodó da seleção brasileira.
Confira ficha técnica da partida ao fim da reportagem
E que o fazem voltar a sua Arena do Grêmio nesta quinta-feira, às 21h30, como protagonista do Brasil para superar o Paraguai pelas quartas de final da Copa América. Num palco tão familiar, o Cebolinha, aos 23 anos, tem mais uma chance de se firmar e pavimentar o caminho para uma nem tão imprevisível saída para a Europa. Como um Midas que multiplicou por mil o seu valor de mercado em seis anos.
Everton chegou ao Grêmio no início de 2013. No fim do ano, em outubro, o empresário Gilmar Veloz investiu R$ 300 mil para comprá-lo do Fortaleza. E o fez às pressas, com uma urgência que pouco tinha a ver com Everton: o clube cearense precisava quitar salários com o elenco às vésperas de uma decisão com o Sampaio Corrêa pela Série C – e acabou derrotado.
Seis anos mais tarde, Everton vê uma cifra mil vezes maior repousar ao lado de seu nome no papel timbrado. No ano passado, o atacante renovou seu contrato com o Grêmio até 2022 e dobrou sua multa rescisória, fixada agora em 80 milhões de euros (equivalente a quase R$ 350 milhões).
Protegido pela multa pesada, o Grêmio sabe que não vai receber 80 milhões de euros, valor muito alto para transferências de clubes brasileiros para o exterior. Mas a diretoria gremista trata do assunto sem nenhuma pressa ou avidez por lucrar com a negociação – o Tricolor tem direito a 50% dos direitos, divididos com Veloz (30%), Fortaleza (10%) e um investidor (10%).
O Grêmio já deixou claro que só aceita começar a conversar sobre a venda a partir de 40 milhões de euros (R$ 174,8 milhões). E o "efeito Arthur" tem ligação direta com essa postura. Após negociar o volante por 30 milhões de euros mais variáveis com o Barcelona, o Tricolor estruturou suas finanças e tem condições de barganhar por uma oferta melhor. Afinal, atacantes geralmente custam mais.
Até o momento, não há proposta oficial por Everton. Antes da Copa América, o estafe do atleta recebeu uma sinalização do Manchester City, disposto a desembolsar 30 milhões de euros (R$ 131,1 milhões). Mas não foi para o papel.
O clube inglês monitora o atacante desde as categorias de base e, com o aval de Pep Guardiola, já mandou olheiros para acompanhá-lo até fora do país, pela Libertadores. Manchester United, Borussia Dortmund, Milan – aos cuidados de Leonardo, hoje no PSG – e, mais recentemente, o Bayern de Munique também têm o atacante em seu radar.
"Causos" no Fortaleza evidenciam valorização
Além das pedaladas diárias, Carlos Alberto foi a voz que contornou a timidez do filho para fazê-lo ganhar espaço no Fortaleza. Aos 15 anos, Everton era reserva do time sub-15 e sequer entrava em campo. Coube ao pai pedir uma chance a Jorge Veras, ex-atacante do Grêmio e técnico da equipe sub-17.
O treinador assentiu e precisou de 30 minutos em um treinamento para se convencer. Entre os mais velhos, Everton fez três gols em meia hora. Foi o suficiente para ser integrado ao elenco três dias mais tarde.
– O pai dele chegou e perguntou se o filho poderia pegar o material para treinar. Eu não o conhecia. Ele chegou para o sub-15 e não jogou. No primeiro treino, fez logo três gols. Com 30 minutos, eu falei para ele sair e se apresentar com meu grupo dali a três dias – conta Veras, ao GloboEsporte.com.
Aos 15 anos, Everton foi o artilheiro do Fortaleza na conquista do Campeonato Cearense sub-17. Já cedo, os gols lhe garantiram aprimeira valorização da carreira. Para não perder a joia, o então presidente do Fortaleza Ribamar Bezerra pagou do próprio bolso os salários do primeiro contrato do atacante.
Cebolinha era o único atleta da categoria que recebia salários. Para isso, entrou na folha de pagamentos da fábrica que pertencia ao mandatário. Mas por pouco tempo. De tanto empilhar dribles e gols, Everton disputou a Copinha com 16 anos, em 2013. Dias mais tarde, estava de malas prontas para enfrentar o frio do Sul com a camisa do Grêmio.
– O que chamou atenção era a velocidade dele, a capacidade técnica. Mas principalmente, a atitude, de como ele resolvia o jogo. De ser agressivo, ir para cima, não ter medo – conta Francisco Barletta, coordenador da base do Grêmio e responsável por observar Everton ainda em 2012, na Copa Carpina.
Média de gols - e a família - cresce
Everton estreou como profissional do Grêmio em 2014. Desde então, percorreu um longo caminho com oscilações e evolução até se firmar como principal jogador da equipe de Renato Portaluppi a partir do ano passado. Em seis temporadas, Everton quase triplicou sua média de gols: de 0,14 gol/jogo em 2014, para 0,41 gol/jogo em 2019.
E o fez em meio a gols decisivos na conquista da Copa do Brasil em 2016 e na semifinal do Mundial, contra o Pachuca, em 2017. A regularidade veio acompanhada da maturidade fora de campo, com o casamento e o nascimento do primeiro filho. A pequena Sofia. A esposa Izi está esperando o segundo filho, um menino.
A evolução de Everton pelo Grêmio
Everton pelo Grêmio
-
2014
2 gols em 14 jogos - Média: 0,14 gol/jogo
-
2015
5 gols em 28 jogos - Média: 0,17 gol/jogo
-
2016
68 gols em 49 jogos - Média: 0,16 gol/jogo
-
2017
12 gols em 61 jogos - Média: 0,19 gol/jogo
-
2018
19 gols em 51 jogos - Média: 0,37 gol/jogo
-
2019
10 gols em 24 jogos - Média: 0,41 gol/jogo
-
Total:
56 gols em 227 jogos - Média de: 0,24 gol/jogo
BRASIL x PARAGUAI
Local: Arena do Grêmio
Data e horário: quinta-feira, às 21h30 (de Brasília)
BRASIL: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Filipe Luís; Arthur, Allan e Coutinho; Everton, Gabriel Jesus e Firmino. Técnico: Tite
Reservas: Ederson, Cássio, Fagner,
Autor: ,postado em 01/06/2019
Comentários
Não há comentários para essa notícia
Mande uma Resposta
Categorias
Arquivos
Abril de 2024
Março de 2024
Fevereiro de 2024
Janeiro de 2024
Dezembro de 2023
Novembro de 2023
Outubro de 2023
Setembro de 2023
Agosto de 2023
Julho de 2023
Junho de 2023
Maio de 2023
Abril de 2023
Março de 2023
Fevereiro de 2023
Janeiro de 2023
Dezembro de 2022
Novembro de 2022
Outubro de 2022
Setembro de 2022
Agosto de 2022
Julho de 2022
Junho de 2022
Maio de 2022
Abril de 2022
Março de 2022
Fevereiro de 2022
Janeiro de 2022
Dezembro de 2021
Novembro de 2021
Outubro de 2021
Setembro de 2021
Agosto de 2021
Julho de 2021
Junho de 2021
Maio de 2021
Abril de 2021
Março de 2021
Janeiro de 2021
Dezembro de 2020
Novembro de 2020
Outubro de 2020
Setembro de 2020
Agosto de 2020
Julho de 2020
Junho de 2020
Maio de 2020
Abril de 2020
Março de 2020
Fevereiro de 2020
Janeiro de 2020
Dezembro de 2019
Novembro de 2019
Outubro de 2019
Setembro de 2019
Agosto de 2019
Julho de 2019
Junho de 2019
Maio de 2019
Abril de 2019
Março de 2019
Fevereiro de 2019
Janeiro de 2019
Dezembro de 2018
Novembro de 2018
Outubro de 2018
Setembro de 2018
Agosto de 2018
Julho de 2018
Junho de 2018
Maio de 2018
Abril de 2018
Março de 2018
Fevereiro de 2018
Janeiro de 2018
Dezembro de 2017
Novembro de 2017
Outubro de 2017
Setembro de 2017
Agosto de 2017
Julho de 2017
Junho de 2017
Maio de 2017
Abril de 2017
Março de 2017
Fevereiro de 2017
Janeiro de 2017
Dezembro de 2016
Novembro de 2016
Outubro de 2016
Setembro de 2016
Agosto de 2016
Julho de 2016
Junho de 2016
Maio de 2016
Abril de 2016
Março de 2016
Fevereiro de 2016
Janeiro de 2016
Dezembro de 2015
Novembro de 2015
Outubro de 2015
Setembro de 2015
Agosto de 2015
Julho de 2015
Junho de 2015
Maio de 2015
Abril de 2015
Março de 2015
Fevereiro de 2015
Janeiro de 2015
Dezembro de 2014
Novembro de 2014
Outubro de 2014
Setembro de 2014
Agosto de 2014
Julho de 2014
Junho de 2014
Maio de 2014
Abril de 2014
Março de 2014
Fevereiro de 2014
Janeiro de 2014
Dezembro de 2013
Novembro de 2013
Outubro de 2013
Setembro de 2013
Agosto de 2013
Julho de 2013
Junho de 2013
Maio de 2013
Abril de 2013
Março de 2013
Fevereiro de 2013
Janeiro de 2013
Dezembro de 2012
Novembro de 2012
Outubro de 2012
Setembro de 2012
Agosto de 2012
Julho de 2012
Junho de 2012
Maio de 2012
Abril de 2012
Março de 2012
Fevereiro de 2012
Janeiro de 2012
Dezembro de 2011
Novembro de 2011
Outubro de 2011
Setembro de 2011
Maio de 2011
Março de 2011
Agosto de 2010
Janeiro de 2006
Dezembro de 0
Publicidade
-
Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza. No estado do Ceará, idos de 2010, Everton se equilibra na garupa do pai, Carlos Alberto Soares, e percorre de bicicleta os 15 minutos até o centro de treinamento da base do Fortaleza. O badalar das pedaladas era rotineiro para o menino de origem humilde e de uma timidez tão genuína quanto seu talento para deixar no chão os rivais. O atrevimento, o drible fácil e a vocação para o gol são os mesmos que hoje o transformam em xodó da seleção brasileira.
Confira ficha técnica da partida ao fim da reportagem
E que o fazem voltar a sua Arena do Grêmio nesta quinta-feira, às 21h30, como protagonista do Brasil para superar o Paraguai pelas quartas de final da Copa América. Num palco tão familiar, o Cebolinha, aos 23 anos, tem mais uma chance de se firmar e pavimentar o caminho para uma nem tão imprevisível saída para a Europa. Como um Midas que multiplicou por mil o seu valor de mercado em seis anos.
Everton chegou ao Grêmio no início de 2013. No fim do ano, em outubro, o empresário Gilmar Veloz investiu R$ 300 mil para comprá-lo do Fortaleza. E o fez às pressas, com uma urgência que pouco tinha a ver com Everton: o clube cearense precisava quitar salários com o elenco às vésperas de uma decisão com o Sampaio Corrêa pela Série C – e acabou derrotado.
Seis anos mais tarde, Everton vê uma cifra mil vezes maior repousar ao lado de seu nome no papel timbrado. No ano passado, o atacante renovou seu contrato com o Grêmio até 2022 e dobrou sua multa rescisória, fixada agora em 80 milhões de euros (equivalente a quase R$ 350 milhões).
Protegido pela multa pesada, o Grêmio sabe que não vai receber 80 milhões de euros, valor muito alto para transferências de clubes brasileiros para o exterior. Mas a diretoria gremista trata do assunto sem nenhuma pressa ou avidez por lucrar com a negociação – o Tricolor tem direito a 50% dos direitos, divididos com Veloz (30%), Fortaleza (10%) e um investidor (10%).
O Grêmio já deixou claro que só aceita começar a conversar sobre a venda a partir de 40 milhões de euros (R$ 174,8 milhões). E o "efeito Arthur" tem ligação direta com essa postura. Após negociar o volante por 30 milhões de euros mais variáveis com o Barcelona, o Tricolor estruturou suas finanças e tem condições de barganhar por uma oferta melhor. Afinal, atacantes geralmente custam mais.
Até o momento, não há proposta oficial por Everton. Antes da Copa América, o estafe do atleta recebeu uma sinalização do Manchester City, disposto a desembolsar 30 milhões de euros (R$ 131,1 milhões). Mas não foi para o papel.
O clube inglês monitora o atacante desde as categorias de base e, com o aval de Pep Guardiola, já mandou olheiros para acompanhá-lo até fora do país, pela Libertadores. Manchester United, Borussia Dortmund, Milan – aos cuidados de Leonardo, hoje no PSG – e, mais recentemente, o Bayern de Munique também têm o atacante em seu radar.
"Causos" no Fortaleza evidenciam valorização
Além das pedaladas diárias, Carlos Alberto foi a voz que contornou a timidez do filho para fazê-lo ganhar espaço no Fortaleza. Aos 15 anos, Everton era reserva do time sub-15 e sequer entrava em campo. Coube ao pai pedir uma chance a Jorge Veras, ex-atacante do Grêmio e técnico da equipe sub-17.
O treinador assentiu e precisou de 30 minutos em um treinamento para se convencer. Entre os mais velhos, Everton fez três gols em meia hora. Foi o suficiente para ser integrado ao elenco três dias mais tarde.
– O pai dele chegou e perguntou se o filho poderia pegar o material para treinar. Eu não o conhecia. Ele chegou para o sub-15 e não jogou. No primeiro treino, fez logo três gols. Com 30 minutos, eu falei para ele sair e se apresentar com meu grupo dali a três dias – conta Veras, ao GloboEsporte.com.
Aos 15 anos, Everton foi o artilheiro do Fortaleza na conquista do Campeonato Cearense sub-17. Já cedo, os gols lhe garantiram aprimeira valorização da carreira. Para não perder a joia, o então presidente do Fortaleza Ribamar Bezerra pagou do próprio bolso os salários do primeiro contrato do atacante.
Cebolinha era o único atleta da categoria que recebia salários. Para isso, entrou na folha de pagamentos da fábrica que pertencia ao mandatário. Mas por pouco tempo. De tanto empilhar dribles e gols, Everton disputou a Copinha com 16 anos, em 2013. Dias mais tarde, estava de malas prontas para enfrentar o frio do Sul com a camisa do Grêmio.
– O que chamou atenção era a velocidade dele, a capacidade técnica. Mas principalmente, a atitude, de como ele resolvia o jogo. De ser agressivo, ir para cima, não ter medo – conta Francisco Barletta, coordenador da base do Grêmio e responsável por observar Everton ainda em 2012, na Copa Carpina.
Média de gols - e a família - cresce
Everton estreou como profissional do Grêmio em 2014. Desde então, percorreu um longo caminho com oscilações e evolução até se firmar como principal jogador da equipe de Renato Portaluppi a partir do ano passado. Em seis temporadas, Everton quase triplicou sua média de gols: de 0,14 gol/jogo em 2014, para 0,41 gol/jogo em 2019.
E o fez em meio a gols decisivos na conquista da Copa do Brasil em 2016 e na semifinal do Mundial, contra o Pachuca, em 2017. A regularidade veio acompanhada da maturidade fora de campo, com o casamento e o nascimento do primeiro filho. A pequena Sofia. A esposa Izi está esperando o segundo filho, um menino.
Everton pelo Grêmio
-
2014
2 gols em 14 jogos - Média: 0,14 gol/jogo -
2015
5 gols em 28 jogos - Média: 0,17 gol/jogo -
2016
68 gols em 49 jogos - Média: 0,16 gol/jogo -
2017
12 gols em 61 jogos - Média: 0,19 gol/jogo -
2018
19 gols em 51 jogos - Média: 0,37 gol/jogo -
2019
10 gols em 24 jogos - Média: 0,41 gol/jogo -
Total:
56 gols em 227 jogos - Média de: 0,24 gol/jogo
BRASIL x PARAGUAI
Local: Arena do Grêmio
Data e horário: quinta-feira, às 21h30 (de Brasília)
BRASIL: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Filipe Luís; Arthur, Allan e Coutinho; Everton, Gabriel Jesus e Firmino. Técnico: Tite
Reservas: Ederson, Cássio, Fagner,
Autor: ,postado em 01/06/2019
Comentários
Não há comentários para essa notícia