Desde que vestiu pela primeira vez a camisa da seleção brasileira de futebol de areia, Lucão nunca sentiu o gosto da derrota. Atual campeão brasileiro e da Copa Libertadores pelo Vasco da Gama, o atacante é uma peça-chave em busca do pentacampeonato na Copa do Mundo das Bahamas, que está sendo disputada nas areias de Nassau até o próximo domingo. De origem humilde e criado no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, ele não tinha perspectivas de futuro até ser descoberto em 2012 por Júnior Negão, ex-jogador e coordenador técnico do cruzmaltino na época. Quando perdeu a mãe e ficou sem chão, o carioca se envolveu com o tráfico de drogas e até em furtos, mas encontrou a redenção no esporte e hoje se tornou uma referência mundial. Titular do Vasco e do Lokomotiv de Moscou na Rússia, Lucão tem a técnica e a versatilidade como marcas. É capaz de jogar em qualquer posição, sendo valioso no jogo coletivo idealizado pelo técnico Gilberto Costa.
Filipe, Lucão e Daniel Zidane na Copa do Mundo de futebol de areia. Seleção está invicta há 31 jogos (Foto: Divulgação/Fifa)
Lucão foi autor de um golaço de bicicleta que ajudou o Brasil a derrotar a Polônia no domingo, chegando a 500 vitórias e assumindo a liderança isolada no Grupo D do Mundial. Invicta há 31 jogos, a seleção brasileira volta à quadra para enfrentar o Japão nesta terça-feira, às 19h30, de Brasília, com transmissão do SporTV. O time depende apenas de si para se classificar às quartas de final. Basta vencer os asiáticos e garantir o primeiro lugar da chave. No histórico entre os países, foram 138 gols marcados pelos brasileiros e 45 sofridos em 18 jogos. Em 2016, a equipe canarinho levou a melhor nos três encontros: 6 a 2 em Copacabana, 8 a 4 em amistoso em São Pedro D’Aldeia, e vitória por 2 a 1 nos pênaltis, após o empate em 4 a 4 no Mundialito de Santos.
- Eu ficava na rua fazendo besteira e não tinha expectativa de nada. A minha mãe ajudava um pouquinho como podia, mas não era o necessário. Aí eu consegui o convite do Júnior Negão, que me ajudou bastante. Ele foi o cara que abriu os caminhos para mim. Minha mãe faleceu quando eu tinha 18 anos. Meu pai nem me registrou, já faleceu também quando eu tinha quatro. Não conheci o meu pai, mas a minha mãe foi guerreira, com quatro filhos, e foi pai e mãe. A minha avó também ajudou. Fiquei sem chão quando perdi a minha mãe, aí tracei o caminho errado. Fiquei perdido. Fui fazer essas besteiras para ganhar um dinheirinho, para poder sair, ajudar a pagar as contas em casa e tudo mais. Eu tinha os meus irmãos que precisava ajudar - contou Lucão.