gner Mancini acabara de exibir um vídeo para os atletas quando recebeu a equipe do GloboEsporte.com na sala de imprensa da Toca do Leão. Era sexta-feira, véspera do duelo contra o Avaí - o Rubro-Negro foi derrotado por 1 a 0, no Barradão. O treinador exibiu para o elenco algumas das virtudes apresentadas no triunfo por 2 a 0 sobre o Flamengo, no fim de semana anterior. A superioridade numérica em todas as partes do campo na hora de defender e atacar, além de uma recomposição mais rápida, foram motivos de elogios.
- Nossa recomposição hoje, ela baixou muito em termos de segundos. Se ela estava sendo feita em 12 segundos, hoje ela é feita em quatro, cinco segundos. A partir do momento em que eu perco a bola no campo de ataque, ou eu consigo recuperar ela o mais rápido possível, ou eu venho com a minha linha de marcação, respiro e enfrento o adversário com 11 jogadores. Quando você perde a bola e para para respirar, você dá ao adversário a superioridade numérica, porque ele vem com mais jogadores do que você – relatou Mancini.
Mancini deu nova cara ao Rubro-Negro. Apoiado em um conceito de futebol jogado em alta velocidade, o comandante precisou ajustar o sistema defensivo para voltar a fazer a equipe somar pontos. Até ali, eram dois triunfos e um empate em três partidas. Apenas um gol sofrido. Isso em um Vitória que, até a sua chegada, tinha a pior defesa da Série A.
Entender os sinais de melhora da equipe após a chegada do treinador, no entanto, vai além do que se vê dentro de campo. Há um componente emocional importante envolvido, que só foi possível com a chacoalhada que Mancini deu no elenco. Recuperou a confiança, a autoestima dos jogadores. Não foi algo fácil. Foi preciso contornar o extracampo.
Talvez a maior queixa dos atletas fosse a exposição a que eles estavam submetidos desde que Argel Fucks deixou o clube. O ambiente político conturbado não era filtrado pelo departamento de futebol, atingindo os jogadores, que chegaram a ter seus salários vazados. Todos eles. Algo inacreditável. Para voltar à Toca do Leão apenas dez meses depois de ter sido demitido, Mancini deixou bem clara a seguinte exigência: blindar o elenco.
- Acho que essa foi uma das conquistas. O futebol hoje está bem blindado. A gente não tem interferência de ninguém. Agora, é difícil te falar uma coisa que eu não vivenciei. Eu não estava antes. Agora, uma das minhas condições para assumir, era que eu fizesse uma blindagem do departamento de futebol. Não porque eu acho importante, é porque tem um peso grande dentro do clube. Isso é o que te dá condições de fazer uma cobrança mais forte diante dos jogadores. E quando tem muitas janelas abertas, você não consegue fazer isso. O trabalho do treinador é dificultado quando tem muita interferência, e isso é uma coisa que eu não queria que acontecesse – contou o treinador.
Vagner Mancini comanda treinamento na Toca do Leão (Foto: Maurícia da Matta/Divulgação/EC Vitória)