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Dar a volta ao mundo em um barco: sonho de muitos, privilégio de poucos


Dar a volta ao mundo em um barco: sonho de muitos, privilégio de poucos

Dar a volta ao mundo num barco é um sonho de muitos marujos que desvendam os mistérios do mar diariamente. Porém, esse desejo, para a maioria, quase sempre, torna-se uma utopia. Poucos são capazes de perseguir esse ideal. Ao contrário do aposentado da força militar portuguesa, Rui Soares, que aos 63 anos, resolveu correr atrás do seu objetivo. “Quando me aposentei, resolvi comprar um veleiro e, pouco depois, recebi a proposta de um amigo para dar a volta ao mundo, coloquei no papel os possíveis gastos, contabilizei e vi que era possível encarar o desafio”, afirmou Rui.

Casado, pai de três filhos e com dois netos, Rui está no mar há mais de um ano sem ver a família, contando apenas com a companhia do amigo, Antônio Pinharanda, que segue com ele no veleiro “Thor VI”, modelo Moody 420, de 40 pés. “Entre a saída de Oeiras em novembro de 2009 e o nosso futuro regresso em junho de 2011, fecharemos a viagem explorando um percurso com mais de 30.000 milhas náuticas. A minha família acha graça da aventura, minha mulher sente muita saudade, mas entende que se trata de um desejo pessoal e termina aceitando”, ressalta.

O aposentado segue na empreitada em companhia de mais 19 embarcações de 40 a 76 pés, oriundas de países como a Irlanda, Espanha, Suíça, Canadá, Portugal, Inglaterra, Estados Unidos, Mali e Holanda. Todos estão participando do “Rally Náutico World Arc”, que conta com o apoio do Governo do Estado, por meio da Sudesb e da Bahiatursa. No momento, as embarcações estão ancoradas no Terminal Náutico da Bahia, administrado pela Sudesb, onde devem ficar até o fim do mês, antes de partirem para Recife (PE).

A Bahia, desde 2007, vem sendo um dos principais portos de atracação do País. Recebendo nove regatas internacionais ao longo do período. “Esse foi o primeiro lugar que paramos no Brasil, o que me deixa muito feliz, por também ser um dos mais falados devido às famosas belezas naturais da região, a minha intenção é ficar o máximo de tempo aqui, para conhecer melhor o local”, salientou Rui, que foi o primeiro colocado do grupo B na travessia do Atlântico Sul, sendo premiado pelo feito, por membros da Sudesb e da Bahiatursa.

 Apesar do grande anseio de desmembrar os terrenos brasileiros, conhecer as praias, pontos turísticos, festas e principais culturas baianas, os ventos que levaram Rui e Antônio a atingir a primeira colocação na empreitada, também foram ingratos, causando danos à embarcação durante o percurso. “O problema ocorreu quando o estai real se partiu. Ele é um cabo de aço de 19 fios, com 10 mm de espessura, que liga o topo do mastro à proa, evitando que o mastro caia para trás e suporta também o enrolador da genoa, vela da proa. A sua ruptura implicou que a genoa ficasse inoperante, o enrolador foi arreado e está agora deitado no convés, mas havia o risco de o mastro poder cair. Para evitar isso, durante a viagem, fixei um estai volante, ou seja, que não está sempre montado, com o objetivo de segurar o mastro para frente e fixei duas adriças, cabos que vêm do topo do mastro, para reforçar a posição do mastro”, deu uma aula Rui.

 Geração de renda - Em terras firmes, Rui e Antônio vêm buscando formas de resolver o problema o mais depressa possível. “Estamos tendo ajuda de um engenheiro naval que viaja em outra embarcação, e também tivemos que contratar mão de obra baiana para nos ajudar, porque fazemos apenas o que está ao nosso alcance”. O problema de Rui e Antônio é algo comum nas viagens marítimas, nem sempre os barcos resistem intactos aos longos percursos e nas paradas precisam de manutenção, algo que acaba gerando renda para o Estado que acolhe esse tipo de rali náutico. “Estamos pagando a alguns rapazes para adiantar o serviço e podermos sair o mais breve possível para os belos lugares da Bahia, antes de partir para Recife”.

 

Além de recrutar esse tipo de mão de obra, em todos os locais que os velejadores chegam sempre terminam gastando bastante em locais turísticos, em festas e alimentação. Em muitos casos alguns optam por hospedagem em terra firme, pois preferem se estabelecer em hotéis durante a estadia nas cidades que atracam, o que também movimenta o setor de hotelaria, apesar da maioria dos veleiros contar com uma boa estrutura de acomodação. 

 

Os barcos participantes desse rali custam em torno de 100 mil a 1 milhão de dólares, dependendo do ano, tamanho e modelo. Além de velas e mastreação, para enfrentar esse tipo de viagem, os barcos possuem, aparelhos eletrônicos como: gps e piloto automático, e alguns ainda contam com ar condicionado, ventiladores, televisão de plasma, sofás, mesas, além de confortos básicos, como fogão, cama, microondas, privada, chuveiro, pia e geladeira. Sendo que a maior parte dos barcos são divididos em cômodos, para garantir uma viagem mais confortável aos tripulantes. “Todo o gasto vale a pena, pois esta é uma experiência marcante. Atravessar o Atlântico com o ARC, fazendo parte integrante deste acontecimento mundial da vela de cruzeiro é uma oportunidade única e um privilégio”, concluiu Rui, sem esconder a sua paixão pelo mar.

Perto de concluírem sua meta de circunavegar o mundo, que teve início há mais de um ano, os tripulantes de dez países diferentes que participam do rali já completaram mais de 2.600 milhas náuticas. No estilo Cruzeiro de Aventura, o rali cruza os oceanos Atlântico, Pacífico e o Índico, passando por Santa Lúcia, Panamá, Equador, Polinésia Francesa, Ilha Cook, Niue, Tonga, Fiji, Vanuatu, Austrália, Indonésia, Mauritius, Reunion, África do Sul, Santa Helena, Brasil e Granada.

Viviane Rezende DRT – 3432
Ascom/Sudesb

10 de fevereiro de 2011

Autor postado em 11/02/2011


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