Vitória apresenta Chamusca: rótulo de
Vice-campeonato baiano, eliminação nas quartas de final da Copa do Nordeste, rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro. A temporada 2018 foi de resultados ruins para o Vitória dentro de campo. Para ter um destino diferente no próximo ano, o Rubro-Negro entrou em processo de remontagem logo após o último jogo do ano. A primeira peça contratada para 2019 foi o técnico Marcelo Chamusca, apresentado no fim da tarde desta segunda-feira, na Toca do Leão, com contrato válido até o fim de 2019.
O novo treinador rubro-negro se envolveu em uma polêmica para acertar com o clube baiano. Ele havia sido anunciado pelo Oeste no início da semana passada, mas voltou atrás e assinou contrato com o Vitória. Por meio de nota, o clube paulista afirmou que houve "falta de ética e o aliciamento de um técnico que estava empregado". Chamusca aproveitou a primeira coletiva na Toca do Leão para pedir desculpas à equipe paulista.
- No lugar deles também ficaria [chateado]. Até certo ponto é interessante esclarecer. Como falei, já existia uma relação nossa com o Vitória. E essa relação, após o término do Campeonato Brasileiro, ela continuou. Houve conversas, mas não chegamos ao ponto de negociar. O Vitória é um clube que tem a liberdade de buscar os profissionais, e dentre esses profissionais meu nome estava na mesa. A gente tinha algumas tratativas, que não eram feitas por mim, mas pelo meu representante. Quando apalavrei com o presidente do Oeste, a quem peço desculpas publicamente, sei que a partir do momento que aceitei compromisso ele vai ter várias situações... Apesar de que fui dois dias apenas e a gente não sentou para planejar...A gente teve um espaço de tempo aonde houve um equívoco de comunicação, que fez com que eu apalavrasse onde tinha um representante conversando com o Vitória. A partir do momento que tivesse informação, e fiz a análise de todos os fatores positivos, ficou muito fácil [acertar com o Vitória]. O maior ponto positivo era o pessoal, que eu teria, pela primeira vez, a oportunidade de trabalhar onde está a minha família, o meu pai tem 87 anos. Falei diretamente com o presidente do Oeste. Acho que foi a melhor decisão [vir para o Vitória], e estou muito feliz. O fato é que o Vitória queria me contratar e eu queria trabalhar no Vitória. A gente acabou se entendendo. O Oeste vai seguir com a vida dele, que não teve culpa nenhuma. A gente está contente em estar aqui hoje. Eu tomei a minha melhor decisão e tenho certeza que era o que deveria ter feito.
Chamusca atende a um perfil que a diretoria rubro-negra anunciou como fundamental para 2019: conhecer a Série B. O treinador subiu o Ceará em 2017 e disputou a competição nesta temporada, pela Ponte Preta. Além de ter a devida noção do que espera o Vitória no próximo ano, ele conseguiu subir clubes em todas as divisões do futebol brasileiro, o que o levou a se autoproclamar o “legítimo rei do acesso”.
- Falo brincando que não é nem o senhor dos acessos. Algumas pessoas me chamam de rei do acesso, mas digo que sou o legitimo rei do acesso porque consegui subir em todas as divisões. Mas não me sinto envaidecido por isso. Muito pelo contrário. Em todo lugar que vou, quando vou dar palestra, colocam esse êxito que sou o único treinador no Brasil que conseguiu. Para mim, isso aqui é um cartão de visitas para os jovens profissionais. Consegui crescer começando na Série D e chegando na Série A sem nenhum tipo de influência, mas só com a minha competição. Sou muito mais orgulhoso disso, servindo de exemplo aos jovens, que um dia como eu começaram com 27 anos, que qualquer outra situação. A gente mede as pessoas pelo seu currículo. Isso é notório. Quando tem currículo positivo, faz com que seja interessante inclusive para utilizar com os meus jogadores no vestiário. É um exemplo de sucesso para as pessoas possam seguir.
Para ter sucesso em devolver o Vitória à Série A, o novo técnico rubro-negro já participa do planejamento e montagem do elenco para 2019. Chamusca anunciou que a base terá atenção e evitou falar em número de contratações para começar o próximo ano.
- Eu não gosto de fixar em números. Já conheço vocês, se falar que preciso de sete e contratar cinco e depois vão me cobrar [risos]. Têm algumas posições que existem carências muito claros, e a gente vai ter que pontuar. A diretoria está consciente. A gente tem alguns jogadores formados no clube que já demonstraram têm potencial para permanecer e participar desse processo de reconstrução. Claro que dentre os jogadores que a gente vai contratar tenha alguns que até já trabalharam comigo, até porque é interessante na implementação de metodologia, e isso facilita muito na construção. Não existe número exato, até porque futebol está longe de ser matemática. Tem série de variáveis que vão fazer com que a gente aumente ou diminua o número de contratações. Pretendemos ter mudança significativa na postura e característica da equipe a partir de 2019.
Além de ajudar nas contratações, Chamusca pretende realizar uma reconstrução mais profunda no Vitória. O treinador quer recuperar fatores que eram considerados pontos fortes do clube, mas que não surtiram efeito nas últimas temporadas. Um exemplo é o Barradão. O Rubro-Negro figurou entre os piores mandantes das edições 2017 e 2018 do Campeonato Brasileiro.
- A gente não consegue fazer reformulação, e não só de peças, mas de postura, conceitos. Era sempre forte vir jogar contra o Vitória. Para descer essa ladeira os caras sentiam frio na barriga. E por ter vivenciado outros clubes, faz com que isso me deixe muito fortalecido. Só que isso é uma construção que começa no primeiro dia. É uma série de variáveis, que começa no momento que o treinador estabelece postura. Através de trabalho, análise, de uma série de situações, que você faz com que o atleta mude a forma de pensar. Esses jogadores chegam com mentalidade diferente. Cabe ao treinador, com sua mentalidade técnica, seduzir os jogadores para que eles acreditem, saber o quanto é importante ter mando de campo, imposição.
Chamusca tem 52 anos e acumula passagens por Ponte Preta, Ceará, Paysandu, Guarani, Sampaio Corrêa, Fortaleza, Atlético-GO e Salgueiro.
Confira outras declarações do técnico:
O que motivou o retorno ao Vitória
- Um dos motivos que me levaram a aceitar a proposta do Vitória e encarar esse desafio, que a gente sabe a responsabilidade... Acredito que o desafio é muito grande, mas a oportunidade e a visibilidade são proporcionais ao desafio que vamos enfrentar. Um dos motivos para aceitar o convite, a gente já vem conversando há um bom tempo, desde o meio do ano, quando saí do Ceará... A gente conheceu o presidente, conversou, teve algumas reuniões... O clube acabou optando por um outro profissional, mas ali a gente já começou a estreitar um pouco mais a nossa relação. E um dos motivos, essa estrutura que o clube tem, estrutura física, de organização administrativa, a força e a história que tem essa camisa. Por eu ter trabalhado no clube durante quatro anos e iniciado a minha carreira. Eu tenho um aspecto no meu perfil, em que eu sempre sou muito grato àqueles que me deram oportunidade. Principalmente para você iniciar uma carreira. E o Vitória me deu essa oportunidade em 1994. Eu fiquei aqui durante quatro anos. Tive muito êxito, fui muito feliz, foi aqui que iniciei a minha caminhada. E vi o Vitória crescer, se estruturar e virar essa potência que é hoje, em termos de estrutura, organização, base, formação de talentos... É um clube que qualquer treinador gostaria de estar sentado aqui hoje no meu lugar. Estou lá no curso da CBF, com 165 treinadores, lá na Granja Comary, e vi em vários treinadores o anseio pela oportunidade de estar aqui no meu lugar. Então estou falando com propriedade.
Estrutura e elenco
- Este é um ponto: a estrutura do clube e todas as condições que um treinador precisa para realizar um trabalho e ter sucesso. O segundo ponto é em relação ao elenco, que a gente começou, agora pela manhã, já a traçar o planejamento para montar este elenco. Claro que existem atletas que têm contrato com o clube, atletas que devem permanecer para a próxima temporada, outros que o clube está buscando entendimento, para que eles possam seguir e dar continuidade para suas carreiras em outros clubes... Você tem muitos jogadores de base com talento e condição, até pelas campanhas que foram realizadas nas categorias mais próximas, dá para ter essa noção. Eu assisti a vários jogos, do sub-23, sub-20, final aqui... Já tenho um conhecimento prévio interessante, porque assisti a muitos jogos do Vitória. O Vitória foi meu adversário quando eu estava na Série A, trabalhando ainda no Ceará. Foi até o jogo que eu saí, foi contra o Vitória aqui, é até uma coincidência. Isso me dá uma condição de poder, junto com o presidente, junto com o departamento de análise, que colocou nomes interessantes para o perfil que a gente vai buscar na montagem da equipe, com a diretoria e todos que fazem parte do Vitória hoje. A gente poder ir dividindo as responsabilidades... A gente não vai chegar aqui, indicar 10 jogadores, e amanhã vai estar chegando 10 jogadores. Não é assim que funciona. A gente vai trocar ideias, chegar a um consenso. Eu trabalho de uma forma muito criteriosa em relação a contratações. Isso faz com que a gente possa minimizar o percentual de erro em relação a contratação. Então a ideia é essa. A partir de hoje, a gente começou e todos os dias, praticamente, vocês terão alguma novidade em relação à formatação, construção desse elenco para a temporada 2019.
Objetivo do primeiro semestre
- Eu quero ganhar tudo. Se eu venho para um clube como o Vitória, tenho o Campeonato Baiano e vou falar que não quero ganhar é o fim da picada. Inclusive, tenho esse dado, eu conquistei o Cearense em 2015, o Paraense em 2017 e Cearense em 2018. Só não conquistei em 2016 porque não joguei, acabei saindo na primeira fase. Nos últimos três anos tive êxito. E falar para você que não almejo conquista não vou estar sendo verdadeiro. Vou trabalhar. Meu trabalho é montar, mas a gente precisa performar. Copa do Nordeste é meu sonho de conquista. Ano passado e infelizmente esse ano o Ceará me privou desse sonho. Disputei com o Salgueiro, com o Fortaleza. E Copa do Brasil a gente tem não só pela necessidade do clube, que pesa no orçamento. É uma competição muito atrativa. Vou trabalhar muito para que a gente consiga ter êxito e buscar títulos. Não sei se são 20, 22, mas tenho muitos títulos na carreira.
Peso de trabalhar em Salvador
- Vou ser questionado em qualquer lugar. Isso é inevitável. Fui questionado no Salgueiro, Vitória da Conquista, apesar de ter muito êxito nessas equipes. Conquistei o acesso para a Série C com o Guarani. Eu não concordo com o dito popular. Já tiveram profissionais que trabalharam aqui. Meu irmão foi o maior exemplo, que já conquistou título aqui sobrando, Cristóvão Borges também, que fez trabalho excelente no Bahia, em 2013. Para que a gente acabe com esse tipo de situação e fique valorizando esse tipo de ditado, vamos juntos conquistar essa forma diferente. Estou preparado para passar por tudo isso. Vou ganhar jogos, empatar e perder, como todo treinador. Tem que estar preparado para todas essas situações. Já passei por momentos difíceis em várias equipes. Talvez tenha esse agravante de ser daqui, mas estou preparado. Estou aqui de coração aberto para passar por tudo isso.
Modelo de jogo
- Geralmente, a gente tem que se moldar a características dos nossos jogadores. Não posso ter um modelo de jogo fechado. Fui trabalhar no Paysandu e lá tem o inverno amazônico e todos os dias chovem. Preciso de um time que tenha mais a bola, se imponha, não que eu não possa trabalhar em transição. Se eu chegasse com um modelo de jogo fechado lá não ficaria seis meses nem conquistaria o título que conquistei. Fiz um jogo mais direto e com três volantes, dentre eles o Rodrigo Andrade, que está aqui. Foi bem, um dos destaques do campeonato. E eu tive que mudar um pouco essa minha característica. Gosto de um time mais solto. E eu entendo que a gente vai jogar algumas competições, principalmente agora, aonde a gente entra com objetivo muito claro. Qual o meu trabalho? Encontrar jogadores com características, treiná-los e podermos ter essa mecânica de ter essa bola. Para ser sincero, gosto mais quando a gente propõe o jogo e tenha a bola. Agora, a resposta vai ter quando a bola rolar porque existem variáveis.
Importância do acesso
- E aqui no Vitória estou pensando dessa forma. O presidente falou da importância do retorno à Série A. Temos uma competição de 38 rodadas, que começa em abril, mas antes disso temos um calendário com outras competições que vamos ter que brigar em todas elas. Vou ter a oportunidade de reconstruir, e uma reconstrução é interessante. Vamos começar uma reconstrução juntos, e estou aqui porque acredito no projeto. O Vitória tem todas as ferramentas que o treinador precisa para ter êxito: camisa, torcida. Muitos jogadores querem jogar aqui, que é clube grande. Nossa cidade é muito atrativa. Juntando todos esses aspectos, temos todas as condições de mudar essa história. Montar uma equipe para conquistar os resultados que precisamos.
Retorno ao Vitória
- Acho que eu estou chegando no momento certo. Comecei aqui em 1994, trabalhei oito anos com formação de atletas, divisão de base. Depois virei auxiliar técnico e treinador em 2012. Eu concluí todas as etapas necessárias de formação de um profissional e acho que essa maturidade e esse conhecimento de mercado, trabalhando fora do Brasil, ter aguçado meu senso de análise sendo auxiliar, em algum momento formando atletas, isso me dá condição. Em todos jogadores que passei coloquei jogadores de base, e o clube teve retorno de investimento. Esses oito anos foram muito importantes. Acho que concluí etapas fundamentais e que chego muito preparado para enfrentar esse desafio na minha cidade, minha terra, onde nasci. Sei que a minha responsabilidade é maior por ser daqui. Existe um componente emocional que acaba nos pressionando mais. Me sinto no momento que preciso retribuir a esse clube, que em algum momento me abriu as portas, quando eu era atleta de futebol e passei a ser treinador, para recolocar o Vitória na condição que merece, que é jogando a Série A e que o torcedor tenha orgulho de ver. Acho que estou chegando no momento certo. Talvez ano passado pudesse acontecer, dois anos atrás. Mas acredito muito que o destino me colocou agora. Mas acho que o momento certo é agora. E no momento perfeito, que você participa da montagem, dá mecânica de jogo, padrão. Talvez, ano passado, que no início cheguei a conversar, seria mais difícil para mim, na condição de pressão que o clube se encontrava. Hoje vou ter uma situação, não tranquila porque a gente não tem situação tranquila, mas de iniciar um trabalho.
Conhecimento sobre base do Vitória
- Na verdade, minha proximidade. Já conheço Carlão há alguns anos. Laelson foi meu contemporâneo. Eu treinava sub-17 e ele sub-20. João Burse, esse ano nos encontramos várias vezes e trocamos ideias em relação a treinamento, método. Ele estava tendo uma oportunidade por ter trabalho por tempo maior e a gente pôde ajudar. Profissional muito competente. Conheço muito bem esses profissionais que fazem parte do Vitória. A gente tem uma relação, entrosamento. Acho que isso vai contribuir para que o sub-23 esteja inserido no nosso trabalho.
Vice-campeonato baiano, eliminação nas quartas de final da Copa do Nordeste, rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro. A temporada 2018 foi de resultados ruins para o Vitória dentro de campo. Para ter um destino diferente no próximo ano, o Rubro-Negro entrou em processo de remontagem logo após o último jogo do ano. A primeira peça contratada para 2019 foi o técnico Marcelo Chamusca, apresentado no fim da tarde desta segunda-feira, na Toca do Leão, com contrato válido até o fim de 2019.
O novo treinador rubro-negro se envolveu em uma polêmica para acertar com o clube baiano. Ele havia sido anunciado pelo Oeste no início da semana passada, mas voltou atrás e assinou contrato com o Vitória. Por meio de nota, o clube paulista afirmou que houve "falta de ética e o aliciamento de um técnico que estava empregado". Chamusca aproveitou a primeira coletiva na Toca do Leão para pedir desculpas à equipe paulista.
- No lugar deles também ficaria [chateado]. Até certo ponto é interessante esclarecer. Como falei, já existia uma relação nossa com o Vitória. E essa relação, após o término do Campeonato Brasileiro, ela continuou. Houve conversas, mas não chegamos ao ponto de negociar. O Vitória é um clube que tem a liberdade de buscar os profissionais, e dentre esses profissionais meu nome estava na mesa. A gente tinha algumas tratativas, que não eram feitas por mim, mas pelo meu representante. Quando apalavrei com o presidente do Oeste, a quem peço desculpas publicamente, sei que a partir do momento que aceitei compromisso ele vai ter várias situações... Apesar de que fui dois dias apenas e a gente não sentou para planejar...A gente teve um espaço de tempo aonde houve um equívoco de comunicação, que fez com que eu apalavrasse onde tinha um representante conversando com o Vitória. A partir do momento que tivesse informação, e fiz a análise de todos os fatores positivos, ficou muito fácil [acertar com o Vitória]. O maior ponto positivo era o pessoal, que eu teria, pela primeira vez, a oportunidade de trabalhar onde está a minha família, o meu pai tem 87 anos. Falei diretamente com o presidente do Oeste. Acho que foi a melhor decisão [vir para o Vitória], e estou muito feliz. O fato é que o Vitória queria me contratar e eu queria trabalhar no Vitória. A gente acabou se entendendo. O Oeste vai seguir com a vida dele, que não teve culpa nenhuma. A gente está contente em estar aqui hoje. Eu tomei a minha melhor decisão e tenho certeza que era o que deveria ter feito.
Chamusca atende a um perfil que a diretoria rubro-negra anunciou como fundamental para 2019: conhecer a Série B. O treinador subiu o Ceará em 2017 e disputou a competição nesta temporada, pela Ponte Preta. Além de ter a devida noção do que espera o Vitória no próximo ano, ele conseguiu subir clubes em todas as divisões do futebol brasileiro, o que o levou a se autoproclamar o “legítimo rei do acesso”.
- Falo brincando que não é nem o senhor dos acessos. Algumas pessoas me chamam de rei do acesso, mas digo que sou o legitimo rei do acesso porque consegui subir em todas as divisões. Mas não me sinto envaidecido por isso. Muito pelo contrário. Em todo lugar que vou, quando vou dar palestra, colocam esse êxito que sou o único treinador no Brasil que conseguiu. Para mim, isso aqui é um cartão de visitas para os jovens profissionais. Consegui crescer começando na Série D e chegando na Série A sem nenhum tipo de influência, mas só com a minha competição. Sou muito mais orgulhoso disso, servindo de exemplo aos jovens, que um dia como eu começaram com 27 anos, que qualquer outra situação. A gente mede as pessoas pelo seu currículo. Isso é notório. Quando tem currículo positivo, faz com que seja interessante inclusive para utilizar com os meus jogadores no vestiário. É um exemplo de sucesso para as pessoas possam seguir.
Para ter sucesso em devolver o Vitória à Série A, o novo técnico rubro-negro já participa do planejamento e montagem do elenco para 2019. Chamusca anunciou que a base terá atenção e evitou falar em número de contratações para começar o próximo ano.
- Eu não gosto de fixar em números. Já conheço vocês, se falar que preciso de sete e contratar cinco e depois vão me cobrar [risos]. Têm algumas posições que existem carências muito claros, e a gente vai ter que pontuar. A diretoria está consciente. A gente tem alguns jogadores formados no clube que já demonstraram têm potencial para permanecer e participar desse processo de reconstrução. Claro que dentre os jogadores que a gente vai contratar tenha alguns que até já trabalharam comigo, até porque é interessante na implementação de metodologia, e isso facilita muito na construção. Não existe número exato, até porque futebol está longe de ser matemática. Tem série de variáveis que vão fazer com que a gente aumente ou diminua o número de contratações. Pretendemos ter mudança significativa na postura e característica da equipe a partir de 2019.
Além de ajudar nas contratações, Chamusca pretende realizar uma reconstrução mais profunda no Vitória. O treinador quer recuperar fatores que eram considerados pontos fortes do clube, mas que não surtiram efeito nas últimas temporadas. Um exemplo é o Barradão. O Rubro-Negro figurou entre os piores mandantes das edições 2017 e 2018 do Campeonato Brasileiro.
- A gente não consegue fazer reformulação, e não só de peças, mas de postura, conceitos. Era sempre forte vir jogar contra o Vitória. Para descer essa ladeira os caras sentiam frio na barriga. E por ter vivenciado outros clubes, faz com que isso me deixe muito fortalecido. Só que isso é uma construção que começa no primeiro dia. É uma série de variáveis, que começa no momento que o treinador estabelece postura. Através de trabalho, análise, de uma série de situações, que você faz com que o atleta mude a forma de pensar. Esses jogadores chegam com mentalidade diferente. Cabe ao treinador, com sua mentalidade técnica, seduzir os jogadores para que eles acreditem, saber o quanto é importante ter mando de campo, imposição.
Chamusca tem 52 anos e acumula passagens por Ponte Preta, Ceará, Paysandu, Guarani, Sampaio Corrêa, Fortaleza, Atlético-GO e Salgueiro.
Confira outras declarações do técnico:
O que motivou o retorno ao Vitória
- Um dos motivos que me levaram a aceitar a proposta do Vitória e encarar esse desafio, que a gente sabe a responsabilidade... Acredito que o desafio é muito grande, mas a oportunidade e a visibilidade são proporcionais ao desafio que vamos enfrentar. Um dos motivos para aceitar o convite, a gente já vem conversando há um bom tempo, desde o meio do ano, quando saí do Ceará... A gente conheceu o presidente, conversou, teve algumas reuniões... O clube acabou optando por um outro profissional, mas ali a gente já começou a estreitar um pouco mais a nossa relação. E um dos motivos, essa estrutura que o clube tem, estrutura física, de organização administrativa, a força e a história que tem essa camisa. Por eu ter trabalhado no clube durante quatro anos e iniciado a minha carreira. Eu tenho um aspecto no meu perfil, em que eu sempre sou muito grato àqueles que me deram oportunidade. Principalmente para você iniciar uma carreira. E o Vitória me deu essa oportunidade em 1994. Eu fiquei aqui durante quatro anos. Tive muito êxito, fui muito feliz, foi aqui que iniciei a minha caminhada. E vi o Vitória crescer, se estruturar e virar essa potência que é hoje, em termos de estrutura, organização, base, formação de talentos... É um clube que qualquer treinador gostaria de estar sentado aqui hoje no meu lugar. Estou lá no curso da CBF, com 165 treinadores, lá na Granja Comary, e vi em vários treinadores o anseio pela oportunidade de estar aqui no meu lugar. Então estou falando com propriedade.
Estrutura e elenco
- Este é um ponto: a estrutura do clube e todas as condições que um treinador precisa para realizar um trabalho e ter sucesso. O segundo ponto é em relação ao elenco, que a gente começou, agora pela manhã, já a traçar o planejamento para montar este elenco. Claro que existem atletas que têm contrato com o clube, atletas que devem permanecer para a próxima temporada, outros que o clube está buscando entendimento, para que eles possam seguir e dar continuidade para suas carreiras em outros clubes... Você tem muitos jogadores de base com talento e condição, até pelas campanhas que foram realizadas nas categorias mais próximas, dá para ter essa noção. Eu assisti a vários jogos, do sub-23, sub-20, final aqui... Já tenho um conhecimento prévio interessante, porque assisti a muitos jogos do Vitória. O Vitória foi meu adversário quando eu estava na Série A, trabalhando ainda no Ceará. Foi até o jogo que eu saí, foi contra o Vitória aqui, é até uma coincidência. Isso me dá uma condição de poder, junto com o presidente, junto com o departamento de análise, que colocou nomes interessantes para o perfil que a gente vai buscar na montagem da equipe, com a diretoria e todos que fazem parte do Vitória hoje. A gente poder ir dividindo as responsabilidades... A gente não vai chegar aqui, indicar 10 jogadores, e amanhã vai estar chegando 10 jogadores. Não é assim que funciona. A gente vai trocar ideias, chegar a um consenso. Eu trabalho de uma forma muito criteriosa em relação a contratações. Isso faz com que a gente possa minimizar o percentual de erro em relação a contratação. Então a ideia é essa. A partir de hoje, a gente começou e todos os dias, praticamente, vocês terão alguma novidade em relação à formatação, construção desse elenco para a temporada 2019.
Objetivo do primeiro semestre
- Eu quero ganhar tudo. Se eu venho para um clube como o Vitória, tenho o Campeonato Baiano e vou falar que não quero ganhar é o fim da picada. Inclusive, tenho esse dado, eu conquistei o Cearense em 2015, o Paraense em 2017 e Cearense em 2018. Só não conquistei em 2016 porque não joguei, acabei saindo na primeira fase. Nos últimos três anos tive êxito. E falar para você que não almejo conquista não vou estar sendo verdadeiro. Vou trabalhar. Meu trabalho é montar, mas a gente precisa performar. Copa do Nordeste é meu sonho de conquista. Ano passado e infelizmente esse ano o Ceará me privou desse sonho. Disputei com o Salgueiro, com o Fortaleza. E Copa do Brasil a gente tem não só pela necessidade do clube, que pesa no orçamento. É uma competição muito atrativa. Vou trabalhar muito para que a gente consiga ter êxito e buscar títulos. Não sei se são 20, 22, mas tenho muitos títulos na carreira.
Peso de trabalhar em Salvador
- Vou ser questionado em qualquer lugar. Isso é inevitável. Fui questionado no Salgueiro, Vitória da Conquista, apesar de ter muito êxito nessas equipes. Conquistei o acesso para a Série C com o Guarani. Eu não concordo com o dito popular. Já tiveram profissionais que trabalharam aqui. Meu irmão foi o maior exemplo, que já conquistou título aqui sobrando, Cristóvão Borges também, que fez trabalho excelente no Bahia, em 2013. Para que a gente acabe com esse tipo de situação e fique valorizando esse tipo de ditado, vamos juntos conquistar essa forma diferente. Estou preparado para passar por tudo isso. Vou ganhar jogos, empatar e perder, como todo treinador. Tem que estar preparado para todas essas situações. Já passei por momentos difíceis em várias equipes. Talvez tenha esse agravante de ser daqui, mas estou preparado. Estou aqui de coração aberto para passar por tudo isso.
Modelo de jogo
- Geralmente, a gente tem que se moldar a características dos nossos jogadores. Não posso ter um modelo de jogo fechado. Fui trabalhar no Paysandu e lá tem o inverno amazônico e todos os dias chovem. Preciso de um time que tenha mais a bola, se imponha, não que eu não possa trabalhar em transição. Se eu chegasse com um modelo de jogo fechado lá não ficaria seis meses nem conquistaria o título que conquistei. Fiz um jogo mais direto e com três volantes, dentre eles o Rodrigo Andrade, que está aqui. Foi bem, um dos destaques do campeonato. E eu tive que mudar um pouco essa minha característica. Gosto de um time mais solto. E eu entendo que a gente vai jogar algumas competições, principalmente agora, aonde a gente entra com objetivo muito claro. Qual o meu trabalho? Encontrar jogadores com características, treiná-los e podermos ter essa mecânica de ter essa bola. Para ser sincero, gosto mais quando a gente propõe o jogo e tenha a bola. Agora, a resposta vai ter quando a bola rolar porque existem variáveis.
Importância do acesso
- E aqui no Vitória estou pensando dessa forma. O presidente falou da importância do retorno à Série A. Temos uma competição de 38 rodadas, que começa em abril, mas antes disso temos um calendário com outras competições que vamos ter que brigar em todas elas. Vou ter a oportunidade de reconstruir, e uma reconstrução é interessante. Vamos começar uma reconstrução juntos, e estou aqui porque acredito no projeto. O Vitória tem todas as ferramentas que o treinador precisa para ter êxito: camisa, torcida. Muitos jogadores querem jogar aqui, que é clube grande. Nossa cidade é muito atrativa. Juntando todos esses aspectos, temos todas as condições de mudar essa história. Montar uma equipe para conquistar os resultados que precisamos.
Retorno ao Vitória
- Acho que eu estou chegando no momento certo. Comecei aqui em 1994, trabalhei oito anos com formação de atletas, divisão de base. Depois virei auxiliar técnico e treinador em 2012. Eu concluí todas as etapas necessárias de formação de um profissional e acho que essa maturidade e esse conhecimento de mercado, trabalhando fora do Brasil, ter aguçado meu senso de análise sendo auxiliar, em algum momento formando atletas, isso me dá condição. Em todos jogadores que passei coloquei jogadores de base, e o clube teve retorno de investimento. Esses oito anos foram muito importantes. Acho que concluí etapas fundamentais e que chego muito preparado para enfrentar esse desafio na minha cidade, minha terra, onde nasci. Sei que a minha responsabilidade é maior por ser daqui. Existe um componente emocional que acaba nos pressionando mais. Me sinto no momento que preciso retribuir a esse clube, que em algum momento me abriu as portas, quando eu era atleta de futebol e passei a ser treinador, para recolocar o Vitória na condição que merece, que é jogando a Série A e que o torcedor tenha orgulho de ver. Acho que estou chegando no momento certo. Talvez ano passado pudesse acontecer, dois anos atrás. Mas acredito muito que o destino me colocou agora. Mas acho que o momento certo é agora. E no momento perfeito, que você participa da montagem, dá mecânica de jogo, padrão. Talvez, ano passado, que no início cheguei a conversar, seria mais difícil para mim, na condição de pressão que o clube se encontrava. Hoje vou ter uma situação, não tranquila porque a gente não tem situação tranquila, mas de iniciar um trabalho.
Conhecimento sobre base do Vitória
- Na verdade, minha proximidade. Já conheço Carlão há alguns anos. Laelson foi meu contemporâneo. Eu treinava sub-17 e ele sub-20. João Burse, esse ano nos encontramos várias vezes e trocamos ideias em relação a treinamento, método. Ele estava tendo uma oportunidade por ter trabalho por tempo maior e a gente pôde ajudar. Profissional muito competente. Conheço muito bem esses profissionais que fazem parte do Vitória. A gente tem uma relação, entrosamento. Acho que isso vai contribuir para que o sub-23 esteja inserido no nosso trabalho.
Autor: ,postado em 06/11/2018
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