O nadador Thiago Pereira tem 23 medalhas em Jogos Pan-Americanos e é o recordista de pódios nesse campeonato, tendo por isso conquistado a alcunha de Mr. Pan. Mas ninguém esteve em mais Pans que o velejador Cláudio Biekarck, que participou de 10 edições. É o Sr. Pan que, aos 68 anos, ganhou uma medalha de prata na classe Lightning ao lado de Gunnar Ficker, de 64, e sua filha Isabel Ficker, de 35, no sábado.
Ao todo, Cláudio Biekarck alcançou sua décima medalha em 10 Pans. A longa e árdua, mas prazerosa caminhada, começou na Cidade do México, em 1975, com uma prata na classe Finn. Todas as outras, a partir do ouro em Caracas 1983, foram na Lightning. Depois, ele ainda conquistou o segundo lugar em Indianapolis 1987, Mar del Plata 1995 e Winnipeg 1999, fora Lima 2019. Os quatro bronzes vieram em Havana 1991, Rio 2007, Guadalajara 2011 e Toronto 2015.
Se antes do Pan de Lima 2019 falava-se que seria a última participação dele, depois da prata o velejador não descartou estar em Santiago 2023. Tudo vai depender, na realidade, de como o experiente atleta, mais velho da delegação brasileira, estará fisicamente em quatro anos.
- Talvez. Acho que você se dispôr a vir para o Pan precisa ver como está se sentindo nos próximos quatro anos, é um campeonato longo, cansativo, exige uma preparação prévia. Se me perguntar hoje, falo que não, mas em quatro anos, quem sabe? Depende de como vou estar - comentou.
Bem-humorado, Biekarck contou que a idade, inclusive, trouxe situações curiosas para ele:
- É, foi muito bom, a gente passa por situações engraçadas. Eu fui pegar um brinde no hotel, e a mulher na recepção disse que era só para atleta (risos).
Sobre a conquista da prata, ele disse estar muito contente e ressaltou o fato de, mais uma vez, poder defender as cores do Brasil.
- É uma satisfação representar o Brasil de novo, nosso objetivo era trazer uma medalha e sabíamos que não seria fácil, mas foi além da expectativa. Terminar a serie classificatória empatado com o argentino, atual bicampeão. Nós já estávamos felizes já antes da "medal race". Hoje ele (Javier Conte) velejou melhor, ele é super experiente, medalhista olímpico (bronze em Sydney 2000), mas estamos super felizes.
Cláudio Biekarck, Isabel Perugini e Gunnar Ficker, medalha de prata na Lightning nos Jogos de Lima — Foto: Leandro Pacheco
Com sua prata ao lado de Isabel e Gunnar, que é seu parceiro desde que mudou de classe para a Lightning após a Olimpíada de Moscou, em 1980, Cláudio Biekarck contribuiu para que a vela conseguisse sua melhor campanha em Jogos Pan-Americanos. Ao todo, foram nove medalhas (cinco douradas, duas prateadas e duas de bronze), superando inclusive Guadalajara 2011, onde o Brasil saiu com sete medalhas, sendo cinco de ouro, uma prata e um bronze.
Gunnar diz que prata com filha foi presente de Dia dos Pais
Neste domingo, é comemorado o Dia dos Pais, e o velejador Gunnar Ficker, de 64 anos, teve um momento único no sábado quando conquistou a prata coma filha Isabel, de 35. Para ele, um presente antecipado para celebrar a data.
- Com a Isabel, não tenho palavras para poder expressar a alegria que estou sentindo, primeiro por ter se classificado para o Pan, e agora com uma medalha (choro). É o máximo. Eu vou chorar daqui a pouquinho aqui, é um presentão que veio por antecipação.
Estreante, ela disse que Gunnar é seu exemplo de vida:
- Foi a primeira vez que participei. É uma emoção enorme estar aqui com meu pai, que é um exemplo para mim, tudo que aprendi veio dele, é muito bom estar aqui.
O Pan de Lima
O Pan de Lima reúne cerca de 6.580 atletas de 41 países das Américas. Dos 39 esportes, 22 valem como classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. No total, o Brasil teve, ao todo, 485 atletas em ação na capital do Peru.