Na base da superação, o Bahia venceu o CSA por 2 a 1, na noite deste domingo, e encerrou o jejum de nove jogos sem vitórias no Campeonato Brasileiro. O Tricolor abriu o placar no primeiro tempo com Gilberto e sofreu o empate de Nilton no início da etapa final. Pouco tempo depois, o volante Ronaldo foi expulso, e a torcida do Azulão se inflamou. Ainda assim, o Tricolor seguiu buscando o gol e conseguiu marcar pela segunda vez aos 40 minutos, com Arthur Caíke [veja acima os melhores momentos do jogo].
Na entrevista coletiva após o jogo, o técnico Roger Machado valorizou o resultado com um jogador a menos, a quebra do jejum e destacou a capacidade do grupo.
- Importante triunfo hoje. A gente sabe da importância que era deixar para trás esse momento de instabilidade, que durou mais do que gostaríamos. Temos um jogo, parte dele muito bom. Depois mudamos a estratégia. Mas quisera que o fim dessa má fase terminasse dessa forma. Com um a menos. Importante vencer. Sabe como é difícil no Bahia. Acho que foi a melhor forma de deixar para trás esse momento ruim.
Assim como os jogadores, Roger não escondeu o alívio com o fim do jejum. O técnico do Bahia disse que a sequência negativa foi a pior dele na carreira como técnico.
"Até que ponto a gente sai gritando. Melhor deixar para quando estiver no chuveiro. Exorcizar momento ruim. Foi a maior sequência da minha carreira como treinador, e o que eu me orgulho deste momento é de ter sempre serenidade. Tentar avaliar sempre nos momentos mais difíceis, ter equilíbrio, poder passar confiança para o jogador, analisar de forma centrada, sem perder razão. Momento em que, por vezes, é muito fácil você transferir responsabilidade para os demais, sem entender qual a sua responsabilidade no processo", disse Roger.
Com a vitória, o Bahia foi a 48 pontos e se manteve na 11ª posição. A distância para o Corinthians, clube que abre o G-8, é de cinco pontos, faltando apenas duas rodadas para o fim da competição. Roger não jogou a toalha.
- Matematicamente, sim [tem possibilidade de chegar à Libertadores]. Precisamos fazer a nossa parte e torcer para que os resultados paralelos aconteçam. Hoje atingimos a mesma pontuação do ano passado. Podemos fazer ainda seis pontos, confirmando a vaga na Sul-Americana e podendo sonhar com essa pequena chance de Libertadores. Mas, acima de tudo, terminar com a melhor campanha da história do clube, em pontuação e colocação. Importante deixar para trás esse momento ruim.
O Bahia volta a campo na próxima quinta-feira, na Arena Fonte Nova, quando recebe o Vasco, às 19h15 (horário de Brasília).
Confira outros trechos da entrevista de Roger Machado
Mudanças que deram certo
- A gente tem que ser inteligente e entender o que o jogo pede. Os atletas já têm maturidade para entender o que é melhor em determinados momentos. As alterações foram pelas características dos jogadores. Em campo, o esquema já mostra o que o jogo pede. Arthur entrou bem contra o CSA, também no jogo do primeiro turno, quando fez o gol da vitória. Fernandão também, para segurar aquela bola, no finalzinho ali, imaginando que teria muitas bolas alçadas. Foi importante. A vitória foi dos atletas. Eu tive pouco a ver com o resultado de hoje.
Postura diferente no segundo tempo
- Uma das orientações que dei aos atletas foi que a gente não imaginasse que o adversário estava entregue. Torcida mostrou apoio e gente sabia que o CSA viria para o tudo ou nada. No segundo tempo, houve maior volume do CSA, aliado a contra-ataques e bolas que não conseguíamos encaixar e permitíamos que eles retomassem rápido. Isso vai dando confiança, ânimo e tirando a confiança no nosso jogo. O CSA, de bola parada, empatou. Depois, tivemos um jogador expulso. Dois tempos distintos. Não foram dois tempos completos nossos. Mas, naturalmente pelo panorama, não poderia imaginar que fosse diferente.
Pontos perdidos durante má fase
- A gente sente. Tenho dito. Isso são avaliações. Como perdemos os pontos? Foram erros coletivos? Individuais? Sentimos pressão? Jogamos bem ou mal? Aí vai dando feedbacks e ferramentas para poder avaliar e saber onde precisamos evoluir coletiva e individualmente. Se olharmos para trás, vamos ver que deixamos muitos pontos que poderiam ser muito úteis. Mas estes pontos que deixamos tiveram motivo. Não podemos achar que foi acaso. Foram acontecimentos que precisamos avaliar para que, no próximo momento, não façamos novamente e não percamos oportunidades importantes como a que deixamos escapar pelas nossas mãos.
Escolha por esquema com três volantes
- Uma das avaliações que a gente buscou neste momento foi que nós construímos um time em cima da caraterística forte, principalmente em casa e contra adversários que estavam nos dando a bola, estávamos com dificuldade para criar. Aí tentamos promover uma alteração sensível, na característica dos jogadores de meio. Muitas vezes, foram respondidas. Uma delas, não. Ideia de retornar novamente àquela formação que nos deu sustentação e nos permitiu chegar até esse momento. Foi a ideia, associada ao adversário, que ainda tinha chances na competição, ia querer jogar, ia nos dar espaço, e a gente retomar bolas e contra-atacar, como fizemos na maior parte do campeonato.
Apoio da torcida
- Nosso torcedor é diferente. Principalmente no jogo passado, em casa, mostrou algo que eu não tinha visto na minha carreira como treinador. Momento em que metade da torcida, talvez com razão, estiva nos vaiando. A outra parte da torcida fez o estádio se calar apoiando. Hoje não podia ser diferente. Onde quer que a gente vá, a nossa torcida está junto, seja com 10, 20, 100. Hoje perto de 1000 pessoas, 500. Não tenha dúvida. Nosso torcedor é nosso combustível. A gente sabe que a gente alimenta eles, com entrega, doação, nem sempre com bom futebol, mas sempre buscando a vitória.