Fracassos, queda e renúncia: os 462 dias de Falcão à frente do Vitória
Carlos Sérgio Falcão foi do céu ao inferno em menos de 500 dias. Em 16 de dezembro de 2013, uma noite de segunda-feira, foi eleito e empossado como 63º presidente da história do Esporte Clube Vitória, aclamado pelos 300 conselheiros do clube, no ano em que o Rubro-Negro conquistava o 27º título estadual e terminava o Campeonato Brasileiro na quinta posição. Falcão conhecia o doce sabor do céu.
Após 462 dias, Carlos Falcão deixa a presidência do Vitória com o clube na Segunda Divisão, inúmeros fracassos em 2014 e uma surpreendente eliminação nas quartas de final do Campeonato Baiano. Diferente do que aprendeu na faculdade de Engenharia da Universidade Federal da Bahia, ele aprendeu que o futebol não é uma ciência exata. Sob os gritos festivos de “Adeus, Falcão”, o homem que se orgulhava de ter enxugado as finanças do Esporte Clube Vitória viu ruir o seu império. Restou-lhe a renúncia.
- Sei que mudanças são necessárias. E tenho certeza, eles acontecerão. Adotaremos todas as medidas por mais duras que sejam para que o Vitória retorne seu espírito vencedor e readquira o DNA do sucesso. Diferente do que muitos dizem, 2014 não será um ano para esquecer. Muito pelo contrário. Deve ser lembrado porque nos servirá de exemplo. Quando entrei no vestiário, eu disse aos jogadores, aqueles que ficaram: que nunca mais enquanto eu for presidente do Vitória, nós sentiremos essa dor. [...] – disse o cartola logo após a queda para a Série B, em 2014.
Menos de três meses após prometer mudanças no momento seguinte ao rebaixamento, Falcão corta na própria carne e se oferece em sacrifício aos próprios erros. Doce ironia do destino quando o presidente com nome de ave de rapina é a caça.
A precoce eliminação para o Colo Colo, com uma derrota por 2 a 0 no Barradão, nas quartas de finais do Campeonato Baiano, foi a pá de cal em uma gestão que termina após um e ano e três meses e sem títulos conquistados. A estatística faz de Falcão o primeiro presidente do clube a não dar volta olímpica desde 1986, quando Carlos Palma, que ficou apenas um ano à frente do clube, também não levantou taças.
O principal golpe sofrido pela gestão Falcão foi o rebaixamento para Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. Baixo aproveitamento dentro de casa, momento ruim dos medalhões do time, um pífio primeiro turno, defesa instável, contratações tardias, ambiente conturbado e uma errada aposta em Ney Franco, além de três diretores de futebol. Um mix de ações infelizes que custou aos rubro-negros a vaga na elite do futebol brasileiro. Falcão não imaginava, mas o rebaixamento seria seu maior carma e fator determinante para o seu afastamento.
Os primeiros meses de 2014 também não foram fáceis para Falcão. Eliminação precoce na Copa do Nordeste, com uma goleada sofrida diante do Ceará, e eliminação na primeira fase da Copa do Brasil para o JMalucelli. Além da não menos dolorosa perda do título estadual para o Bahia, apesar de ter chegado à final com a vantagem de jogar por dois resultados iguais.
Carlos Falcão deixa o Vitória com Anderson Barros no comando de futebol e o recém-chegado Claudinei Oliveira como treinador. Apesar da ausência de garantias para o futuro, é a dupla que vai conduzir o Vitória nos mar revolto de incertezas enquanto o clube tenta se reerguer politicamente.
Assim, o 23 de março de 2015 entra para os anais da história do Esporte Clube Vitória como o dia do final de uma era sem as melhores lembranças para uma torcida acostumada a vencer. Como último desejo, Falcão clama por união. Algo que, independente das convicções políticas dentro do clube, pode, de fato, ajudar o clube a se reerguer.
- Peço-lhe apenas que não permita que nada prejudique a nossa união e que esteja atento, para que os conhecidos aventureiros de plantão, não se aproveitem desse momento para implantar no nosso Clube, antigos vícios que foram, felizmente extirpados.
Ponto final. Sob a gestão provisória de Silvoney Salles, o Vitória marchará até 31 de março sem presidente e então escolherá o sucessor de Carlos Falcão, o homem que será responsável por remontar um quebra-cabeça formado por milhões de corações rubro-negros.Autor: ,postado em 24/03/2015
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